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27 junho 2021

CHINA MANTÉM SUA TRADIÇÃO E NÃO É A MELHOR

China prende suspeitos sem julgamento em instalações secretas, diz relatório

O total de detidos, de acordo com os dados oficiais do governo chinês, é de 25,685 até 2020. O número, no entanto, pode chegar a até 56,963, segundo o relatório.



O relatório aponta que pelo menos 37.975 pessoas foram submetidas ao Residência Vigiada em Local Designado (RSDL, na sigla em inglês) entre 2013 e 2020. O método está previsto na lei chinesa e autoriza oficiais da polícia a deter suspeitos, por até seis meses, em instalações secretas, sem qualquer tipo de autorização judicial prévia, em um dos mais abrangentes sistemas de "desaparecimento em massa do mundo", segundo os ativistas.
A maioria dos detidos neste método são chineses, cuja identidade não é facilmente confirmada. No entanto, alguns estrangeiros e opositores do regime chinês conhecidos no ocidente foram presos nas instalações secretas. Entre eles estão o artista Ai WeiWei, o jogador de basquete americano Jeff Harper, e os canadenses Michael Kovrig e Michael Spavor - prisões que o governo canadense classificou como uma "diplomacia de reféns", segundo o jornal britânico The Guardian - e o escritor australiano Yang Hengjun.
No caso de Jeff Harper, por exemplo, o jogador ficou preso em uma das instalações secretas por oito meses, dois meses a mais do que o máximo permitido pela lei processual do país. Harper foi liberado em setembro do ano passado, sem nunca ter sido sequer processado. Em entrevista ao jornal americano Wall Street Journal, ele disse não saber onde estava durante o período de detenção, apesar de ocasionalmente ser autorizado a ligar para os EUA e receber visitas da namorada e de um advogado. Em outros casos, como do escritor australiano Yang Hengjun, até mesmo uma representação diplomática foi impedida de se dirigir até a instalação em que ele estava detido.
Instalações e tortura
Com base nos depoimentos das vítimas, o relatório da Safeguard Defenders reconstitui os detalhes da RSDL, desde a captura dos suspeitos até a rotina dentro das prisões. Os relatos também permitiram à organização esboçar a planta básica das instalações secretas.
A cela é vigiada 24 horas por câmeras de segurança e por pelo menos dois policiais, que acompanham o detido até mesmo nas idas ao banheiro. As janelas são cobertas por cortinas e a porta abre apenas por um cartão de identificação. Segundo as descrições, apesar de sempre estarem na cela, os guardas nunca se comunicam com os detidos, a não ser no momento de dar alguma ordem.
Por vezes, o interrogatório é conduzido na própria cela, mas em alguns casos, o suspeito é levado a uma segunda sala, onde a sessão de perguntas e respostas chega a durar horas. De acordo com o relatório, alguns suspeitos foram amarrados à cadeiras pelos braços e pernas - no método conhecido como "Tiger Chair", em inglês.
"Fui torturado de muitas maneiras. Algemaram minhas mãos atrás das costas, me prenderam em grades de ferro, usaram cinco ou seis bastões elétricos para me bater. Por muito tempo, eles não me deixaram comer, beber água ou ir ao banheiro. Eles me submeteram a muitos tipos de tortura. No entanto, não era nada comparado com as ameaças de que prenderiam meu filho", relatou Zhai Yanmin, uma das vítimas ouvidas pelo grupo.
PS.: Em uma matéria de 2010, publicada no Independent, na qual o autor cita um estudo que afirma que Mao Tsé-Tung é o maior assassino em massa da história mundial. Frank Dikötter, historiador de Hong Kong, que estudou a história rural chinesa de 1958 a 1962, quando o país estava passando fome. O historiador comparou a tortura sistemática, a brutalidade, a fome e a morte de camponeses chineses à Segunda Guerra Mundial em sua magnitude e concluiu que pelo menos 45 milhões de pessoas morreram de fome ou foram espancadas até a morte na China nesses quatro anos; o número mundial de mortos na Segunda Guerra Mundial foi de 55 milhões.

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