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30 dezembro 2021

CHINA - O JOGO DA VIDA NA EDUCAÇÃO E A FARSA DAS NOTAS

Quando terminou de escrever 1984, no ano de 1949, o escritor britânico George Orwell revelou grande parte de sua genialidade ao antecipar como seriam os regimes totalitários do futuro, principalmente ao fazerem uso de vigilância por câmeras e a manipulação de informações, invadindo a privacidade dos cidadãos.

A realidade da China atual é a que mais se aproxima do mundo vislumbrado por Orwell, onde o Grande Irmão e o Ministério da Verdade operam a todo vapor, para manter a população sob o controle da ditadura, por meio do Sistema de Crédito Social, denominado de Jogo da VidaO Sistema inspeciona a confiança dos cidadãos, empresas e oficiais do governo.  

Nesse Jogo, o Sistema adiciona pontos pelo bom comportamento de cada indivíduo e retira pontos de quem desaponta a ditadura. Periodicamente, os indivíduos poderão receber prêmios ou punições, dependendo do resultado obtido após a contagem dos pontos de seus perfis.

Os que caem nas graças do regime serão premiados com facilidades de crédito bancário, caminho livre para abrir um negócio, permissões para viajar ao exterior e portas abertas para conseguir um emprego. Já os malvistos pelo Sistema entram em uma lista negra (guetos) e sofrem consequências como restrições comerciais, vistos de viagens negados e até a impossibilidade de embarcar nos trens de padrão superior. Tudo controlado pelo PCCh por meio de dispositivos eletrônicos: celulares e câmeras, mais de 500 milhões, espalhadas pelo país.

Educação - A farsa das notas

Por determinação do Ministério da Educação chinês, o professor não tem autorização para reprovar nenhum aluno, assim como nenhum aluno poderá receber a nota máxima 10. O exame, em si, não tem muita importância  Os professores são orientados a distribuirem as notas nos seguintes percentuais de cada turma:

  • 30% devem receber notas entre 6 e 7;
  • 60% devem ficar entre 7 e 9; e
  • 10% precisam figurar com notas entre 9 e 9,9.

É dessa forma que as universidades devem apresentar esses números para o governo. Mas no Jogo da Vida no ambiente escolar não termina aí. As provas escolares e os exames nas universidades chinesas são em quase sua totalidade um jogo de cartas marcadas. 

O desempenho precisa atender tão somente às necessidades de planejamento de longo prazo do PCCh. Dedicação e mérito só aparecem na forma de encenação. Tudo é um teatro montado pelo regime, com privilégios garantidos para os estudantes protegidos - selecionados desde cedo - pelo PCCh, incluindo o conhecimento prévio das provas a que serão submetidos.

A universidade é o berçário da classe mandante.

 

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