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12 dezembro 2022

TWITTER ARRUINOU REPUTAÇÕES

Uma nova investigação revela que funcionários do Twitter tem à disposição funcionalidades do sistema para criar listas negras, impedir que tweets sejam tendências e limitar ativamente a visibilidade de contas inteiras ou mesmo de tópicos de tendências – tudo em segredo, sem informar os usuários.

O Twitter já teve a missão de "dar a todos o poder de criar e compartilhar ideias e informações instantaneamente, sem barreiras", lembra Bari Weiss, fundadora e editora do site The Free Press.

Ao longo do caminho, barreiras, no entanto, foram erguidas, não apenas por decisões que continuam mantidas em segredo pelo Twitter, mas também pela implementação de funcionalidades de sofware desenvolvidas para suportar os mais variados e sórdidos tipos de manipulação. 

Bari Weiss realizou um extenso levantamento do que pode ser observado no Twitter Papers e comentou os achados na própria rede social e traduzidos aqui.

Ela ressalta que o Twitter negava o uso de expedientes como colocar pessoas e empresas secretamente em listas de “Trends Blacklist”, impedindo qualquer tweet do usuário de aparecer como tendência; “Search Blacklist”, suprimindo os tweets dos resultados de busca; ou ainda não permitir a amplificação da postagem.

Em 2018, Vijaya Gadde (então Chefe de Política Jurídica e Confiança) do Twitter e Kayvon Beykpour (Chefe de Produto) negavam também o banimento oculto ('We do not shadow ban'), e enfatizaram que certamente não o faziam "com base em pontos de vista políticos ou ideologia".

O “shadow banning”, onde as publicações da pessoa ou empresa não são vistas por mais ninguém, é chamado no Twitter de “Visibility Filtering” (“VF”), ou filtragem de visibilidade.

"Pense na filtragem de visibilidade como sendo uma maneira de suprimirmos o que as pessoas veem em diferentes níveis. É uma ferramenta muito poderosa", disse um funcionário sênior do Twitter à Weiss.

"O Twitter usa VF para bloquear pesquisas de usuários individuais; para limitar o escopo da capacidade de descoberta de um determinado tweet; para impedir que postagens de usuários selecionados apareçam na página de tendências; e da inclusão em buscas de hashtags", explica Weiss.

"Tudo sem o conhecimento dos usuários", acrescenta.

"Controlamos bastante a visibilidade. E nós controlamos bastante a amplificação do seu conteúdo. E as pessoas normais não sabem o quanto fazemos", confirmou um engenheiro do Twitter à Bari Weiss.

"A hipótese subjacente a grande parte do que implementamos é que, se a exposição a, por exemplo, desinformação causa danos diretamente, devemos usar remediações que reduzam a exposição, e limitar a disseminação / viralidade do conteúdo é uma boa maneira de fazer isso", justificou em 2021 Yoel Roth, então Chefe Global de Confiança e Segurança do Twitter.

"Colocamos Jack [Dorsey] a bordo coma implementação disso para a integridade cívica no curto prazo, mas precisaremos fazer um caso mais robusto para colocar isso em nosso repertório de remediações políticas – especialmente para outros domínios políticos", acrescentou Roth, relata o post de Bari Weiss.

Trump foi banido do Twitter por ‘pressão’ de Michelle Obama

A revelação faz parte desse escândalo. Michelle Obama, ex-primeira-dama dos EUA,  pediu ao Twitter para remover o então presidente Donald Trump. Os documentos internos do Twitter foram entregues pelo novo CEO da big tech, Elon Musk, ao jornalista Michael Shellenberger. O mais recente capítulo do episódio veio à tona no sábado 10.

Segundo a denúncia, depois da invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, Michelle engrossou o coro dos que pediram o banimento de Trump da rede social.

Last but not least, aguardamos a já prometida divulgação de arquivos similares relativos ao Brasil. Com certeza, não iremos mais nos surpreender, pois devem guardar muita similaridade com os revelados nos EUA.


PS1.: Como já bastante divulgado, tais fatos não se restringem ao Twitter e são praticados em todas as redes sociais. vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Maria Ressa, ao criticar o Facebook disse que a plataforma é uma ameaça à democracia.

PS2.: (...) "O que quer que uma pessoa possa ser, se você quer ser uma, delete suas contas nas redes sociais", afirma Jaron Lanier.  Jaron Lanier é cientista, músico e escritor, mais conhecido pelo trabalho em realidade virtual e sua defesa do humanismo e da economia sustentável no contexto digital, autor de diversos livros de crítica sobre a Era Digital, lançou em 2018 seu quarto livro, no qual denuncia o Vale do Silício de um modo geral, e o Facebook, em particular, como uma verdadeira máquina de fazer cabeças.

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