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22 dezembro 2024

A conta do almoço grátis chega cedo ou tarde

Em sua primeira página deste domingo, 22 de dezembro de 2024, traz o seu Editorial. Tal decisão se usa normalmente  em dos seguintes casos: relevância do assunto, definição de posição, influência e mobilização ou para marcar um momento histórico.

É óbvio que neste caso se trata da relevância do assunto tendo em vista que o governo Lula já acabou. O Brasil não aguenta mais dois anos de Lula, se leu aqui no decorrer da semana passada na Forbes.

Tais notícias, dentre outras nos remetem aos anos do governo Bolsonaro, cujos resultados foram destaques em matéria publicada pela CNI, ao final de 2020, um balanço do referido ano. Você pode ler a matéria completa clicando aqui. Matéria esta que a Folha não leu, é o que se pode concluir do penúltimo parágrafo de seu Editorial.

Porém, não se precisará de muito esforço para se verificar a enorme distância entre os resultados do governo nos anos 2019-2022, daqueles obtidos em quase duas décadas de governos petistas, cujos fatos mais relevantes foram o mensalão e o petrolão.

Um bom domingo e boa leitura.

EDITORIAL

A conta do almoço grátis chega cedo ou tarde

Apenas se abandonar a gastança Lula terá condições de concluir seu mandato sem pôr em risco a estabilidade macroeconômica

Folha de São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2024.    

    Chegou a fatura da irresponsabilidade orçamentária de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela contém tumulto financeiro, câmbio e juros em cavalgada e inflação rumando para níveis preocupantes.

    Para pagá-la, há o caminho organizado e o caótico, a depender da escolha do presidente da República.

    No primeiro, minimizam-se custos para a sociedade. O segundo é a rota corrente, que produzirá desastres.

    Desde que foi eleito, Lula praticou o ideário, derrotado pela história, de que o progresso decorre da expansão ilimitada do Estado, a teoria do almoço grátis.

    A opção pela gastança, escancarada na emenda de transição de governo que expandiu a despesa federal em R$ 150 bilhões, sempre tem fôlego curto. Na sequência colhem-se "mais inflação, juros e endividamento", como alertou, sob severa crítica esta Folha em dezembro de 2022. Ao final, a receita insustentável acabará por impactar negativamente o emprego.

    Para a sorte de Lula, os legisladores que aprovaram a autonomia do Banco Central em 2021 não pensavam como ele. A ação firme da autoridade monetária contra-arrestou a incontinência do Planalto e evitou que a inflação saísse do controle por quase dois anos.

    A elevação da Selic não justifica regozijo, mas é melhor que a hiperinflação e seus efeitos devastadores sobre a renda, sobretudo da parcela mais pobre dos brasileiros.

    A degradação das perspectivas para a dívida pública chegou a tal ponto, porém, que os instrumentos da autoridade monetária mostram-se insuficientes.

    O choque recente nos juros básicoa, que os projetou para asfixiantes 14,25% ao ano em março, não estancou a sangria. O dólar e os juros de praça dispararam para alturas imprevistas, disseminado estragos e prejuízos ainda mal contabilizados.

    A economia caminha para um cavalo de pau se não houver freio de arrumação urgente na política fiscal. A velha artimanha de Lula de acusar um complô de operadores financeiros pela situação terá pouca serventia.

    A condição de devedor contumaz do Tesou do Nacional foi acentuada. Sem tomar vultosos e frequentes empréstimos, a máquina pública entra em colapso.

Para a virada de perspectivas, o pacote enfraquecido pelo Congresso não será o bastante. A poupança para impedir o decalabro da dívida requer mecanismos bem mais persistentes e valores muito mais significativos, o que é impossível sem redução de despesas.

    Lula ainda pode decidir o desfecho da economia, embora a margem para erros esteja se estreitando.

    Encapsular-se na teoria do almoço grátis vai conduzí-lo para um fiasco parecido com o de Dilma Rousseff, o que seria uma pena, pois em quase todos os outros setores o governo atual supera o de Jair Bolsonaro (PL),

    Se tiver a coragem para mudar os rumos diante de risos palpáveis de ruína, o presidente terá condições de concluir seu terceiro mandato sem comprometer a estabilidade macroeconômica, a conquista mais cara à sociedade brasileira nos últimos 30 anos.

    

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