Translate

28 junho 2025

Lula perdeu mais uma vez. CIDH nomeou candidata apoiada pelos EUA apesar da pressão do Brasil

    A cubana Rosa María Payá, que recebeu o maior número de votos na Assembleia Geral da OEA, comemora após ser eleita como nova membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) durante a 55ª Assembleia Geral da OEA, nesta sexta-feira, em Saint John's (Antígua e Barbuda). 

    A insistência política do Departamento de Estado dos EUA na Assembleia Geral da OEA em Antígua determinou que Rosa María Payá seja a nova membro da CIDH, apesar da forte pressão contra sua nomeação do Brasil, juntamente com Colômbia, México e Chile.

    Payá, renomada defensora de direitos humanos na América Latina, foi indicada à CIDH pelos Estados Unidos e obteve o maior número de votos, superando os candidatos indicados por Bahamas, México, Brasil, Peru, Honduras e Colômbia.

    Payá obteve 20 votos contra 19 para Marion Bethel, representante das Bahamas. Ambos foram admitidos diretamente na CIDH.

    Rosa María Payá sempre defendeu os direitos humanos, inclusive por mérito próprio: seu pai, Oswaldo Payá, foi assassinado pelo aparato repressivo de Fidel e Raúl Castro, quando era uma opção política sólida para enfrentar o regime cubano e forçar uma transição eleitoral rumo à democracia.

    Naquela época, Rosa María Payá batia em todas as portas da América Latina e agora é protagonista de um inesperado paradoxo pessoal: ela se juntará à CIDH, a peça central institucional do fórum regional que comprovou que seu pai foi assassinado por ordem da ditadura de Castro.

    Marco Rubio conhece Rosa María Payá há muitos anos e não hesitou em apoiar sua candidatura à CIDH como Secretária de Estado.


    Por razões políticas e ideológicas, Lula da Silva, Gustavo Petro e Claudia Sheinbaum se opuseram à proposta dos EUA. Os presidentes do Brasil, Colômbia e México têm laços abertos com Miguel Díaz-Canel, o ditador de Cuba.


    Até quarta-feira, Rosa María Payá tinha quase nenhuma chance contra os candidatos das Bahamas, Brasil e México, que atuavam em bloco com os votos da CARICOM — 14 no total — e de membros da OEA próximos a Cuba, Venezuela e Nicarágua. Mas um discurso do subsecretário do Departamento de Estado, Chris Landau, alertando sobre o cansaço do governo Trump com a OEA, sinalizou uma mudança na tendência de votação que favoreceu Payá.

"Como vocês devem saber, o presidente Trump emitiu uma ordem executiva nos primeiros dias deste governo instruindo o secretário de Estado (Marco Rubio) a revisar todas as organizações internacionais das quais os Estados Unidos são membros para determinar se tal filiação atende aos melhores interesses dos Estados Unidos e se essas organizações podem ser reformadas. Após a conclusão dessa revisão, o secretário deve relatar suas conclusões ao presidente e recomendar se os Estados Unidos devem se retirar de alguma dessas organizações. Essa revisão está em andamento e, obviamente, a OEA é uma das organizações que estamos revisando", lembrou Landau.

    Antes de concluir seu discurso, Landau reiterou o apoio dos Estados Unidos a Payá. E, nas 40 horas seguintes, o subsecretário realizou inúmeras reuniões em Antígua para apoiar a defensora cubana dos direitos humanos.

    Os argumentos de Landau foram sólidos e claros: Payá será uma voz importante na CIDH e não pode ser deixada de fora quando o governo Trump acredita que a OEA não está fazendo nada de substancial contra as ditaduras na América Latina.

    Ao final das negociações diplomáticas, a candidata apoiada pelos EUA superou os esforços de lobby do Brasil e de seus aliados regionais e garantiu sua nomeação para a CIDH.

"Minha prioridade é aproximar a Comissão das vítimas, dos mais vulneráveis, e proteger e defender a democracia na região", declarou Payá minutos após a votação na Assembleia da OEA.

    Assim, Payá começou a fechar seu círculo pessoal: chegou a Washington D.C. para denunciar à CIDH que a ditadura cubana havia assassinado seu pai. Anos depois, ele ocuparia um cargo na Comissão para tentar pôr fim aos regimes totalitários na América Latina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário