COMPUTADORES. Vida longa mas até há bem pouco tempo vivíamos distantes deles. Este comportamento mudou a partir de meados da primeira década deste século. Hoje dormimos e acordamos com eles. Neles, enquanto estivermos acordados, estarão presentes "amigos" como Microsoft Teams, Google, Linkedin, Twitter, Instagram, Facebook, Pinterest, streamings como YouTube, Netflix, Amazon Prime, Spotify, Deezer e outros, disputando cada segundo de nosso tempo. Ah, e não esqueçamos dos jogos eletrônicos.
Histórico. Remonta ao Período Paleolítico, cerca de 30.000 a.C., os primeiros sistemas físicos de contagem utilizados pelos seres humanos em suas atividades diárias e que continuamos a fazê-las nos dias atuais como, por exemplo, elaborar calendários usados para diversos fins.
Com o início da escrita, por volta de 3.200 a.C., foi dado um salto na forma de realizar cálculos, com a criação de vários sistemas numéricos, como os sistemas arábico, egípcio, sumério, chinês e romano.
Contudo, só por volta de 300 a.C. é que a primeira "máquina de calcular”, foi construída: o ábaco. Para ele, matemáticos da Babilônia desenvolveram sequencias de passos para resolver problemas matemáticos. Os tais algoritmos, palavra muito em moda nos dias de hoje.
A partir do século XVII, começaram a surgir dispositivos mecânicos: em 1623, na Alemanha, a calculadora de Schickard; em 1642, na França a máquina de Pascal, a Pascalilne; em 1673, na Alemanha, a calculadora de Leibnz, a Stepped Reckoner; em 1821, na Inglaterra, a máquina de Babbage. Esta máquina possuía muitas das principais estruturas lógicas dos computadores atuais. Em 1890, surgiu a máquina de Hollerith, com um sistema de codificação de dados em cartões perfurados baseado na máquina de Babbage.
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Modelo conceitual da máquina de Turing
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Em 1936, o pesquisador britânico Alan Turing, considerado o pai da Ciência da Computação, criou a máquina de Turing, entendida como um modelo matemático de computador de propósito geral que permitiu definir formalmente os conceitos de algoritmo e de computação. Qualquer tarefa que pode ser realizada em um computador de propósito geral pode ser realizada em uma máquina de Turing.
Chegamos ao século XX e com ele o surgimento de novas tecnologias que permitiram a produção de máquinas eletromecânicas: na Alemanha, entre1936-1938: o Z1, construído por Konrad Zuse, foi o primeiro computador programável do mundo, que mais tarde deu origem aos Z2 e Z3. Nos EUA, em 1944, surgia o Mark I, baseado em relés mecânicos, tornado obsoleto em pouco tempo com a chegada da tecnologia de válvulas.
Com essa nova tecnologia foi dado início ao desenvolvimento de computadores completamente eletrônicos e, diferentemente dos construídos, até então com fins específicos, passaram a ser produzidos para uso geral.
1945: chegou a vez do ENIAC que pesava cerca de 30 toneladas, tinha 19.000 válvulas e ocupava uma sala de 500 metros quadrados, cuja programação era bem diferente da forma como os computadores são programados atualmente.
Em 1951, no IEA/Princeton, foi finalizada a construção do EDVAC, computador proposto por John Von Neumann, considerado um dos principais nomes da história da computação. A arquitetura proposta por Neumann, vigente nos dias de hoje, divide o computador em três unidades: de processamento; de memória; e de dispositivos de entrada e saída. O EDVAC foi o primeiro computador a utilizar programas previamente armazenados (em fitas magnéticas) e trabalhava internamente com o sistema binário (0 e 1), enquanto o ENIAC operava com o sistema decimal. O custo final foi o mesmo do ENIAC, cerca de US$ 500 mil.
Com os avanços da microeletrônica e a consequente diminuição dos custos dos dispositivos eletrônicos, deu-se o início de novas gerações de computadores. As válvulas foram substituídas por transistores, compondo as denominadas máquinas de 2a. geração. Cerca de uma década depois os circuitos integrados (SSI e MSI) substituíram os transistores (3a. geração). A 4a. geração surgiu com a tecnologia denominada de firmware (software armazenado em chip). Estão na "boca do forno" os computadores de 5a. geração: computadores neurais e computadores quânticos. A cada nova geração, os computadores se tornaram menores, além de mais rápidos, baratos e confiáveis.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. Uma discussão recorrente é quando o computador vai superar o cérebro humano, capacidade esta denominada de singularidade tecnológica, terminologia utilizada pela primeira vez por Von Neumann. Previsões apontam para o período 2025-2030.
Em 1950, Turing, no artigo Computing Machinery and Intelligence, propôs o teste de Turing para estabelecer quando uma máquina poderia ser considerada inteligente. Até o momento nenhuma das máquinas existentes passou no teste.
Contudo, é sempre bom estar lembrado de que um computador não compreende aquilo que é feito, apenas executa algoritmos para extrair conhecimentos a partir de um conjunto de dados. Esse campo da pesquisa é denominado de Inteligência Artificial o qual permite desenvolver sistemas inteligentes - software - capazes de enxergar relacionamentos complexos e sofisticados a partir de um conjunto de dados.
INTERNET. Para completar essa infra e não deixar ninguém isolado - do mundo - essa turma boa, já em 1967, começou a interligar computadores instalados nos EUA e, a partir de 1973, em outros lugares do planeta. Inicialmente Inglaterra e Noruega. A Internet cresceu rapidamente entre 1980-1990. No Brasil, durante a realização da Eco92, para surpresa dos visitantes, ela já estava em funcionamento. Sua popularização daí por diante foi explosiva, como ilustra a imagem ao lado.
Junto com ela (Internet) a conversa - o primeiro software para enviar, receber e ler e-mails foi desenvolvido em 1972 - o recebimento e a publicação de informações (textos, imagens, áudios, vídeos) entre os conectados (homens e máquinas) explodiu, especialmente através dos "amigos" citados no primeiro parágrafo deste texto.
A imagem a seguir mostra que o tempo diário gasto com mídias, através de computadores sob suas diversas formas, se aproxima de 16 horas/dia.
REDES SOCIAIS. No documentário "O dilema das redes", produzido para a Netflix, ex-funcionários das empresas mais rentáveis do planeta como Google, Facebook, Instagram e Twitter revelaram que as estratégias dessas companhias para vender anúncios, manipular os usuários é mantê-los cada vez mais conectados às redes sociais. Essa relação entre "fornecedores" e "usuários" pode ser resumida numa frase que tornou-se chavão entre as big techs e é citada no filme: "Quem não está pagando pelo produto é o produto".
A parte ficcional do documentário também aborda a influência das redes sociais sobre os jovens, retratando o que ocorre numa típica família norte-americana. Se antes o bullying era restrito ao ambiente escolar, o cyberbulling se prolonga pelas 24 horas do dia, levado pelos diversos tipos de computadores, especialmente os celulares.
Jaron Lanier, um dos participantes do documentário, lançou, em 2018, seu quarto livro no qual denuncia o Vale do Silício de um modo geral, e o Facebook, em particular, como uma verdadeira máquina de fazer cabeças e diz mais ... "o que quer que uma pessoa possa ser, se você quer ser uma, delete suas contas nas redes sociais".
Estudos têm demonstrado que o uso desenfreado de mídias sociais estão distorcendo nossa percepção do presente, pois, em sua maioria, as notícias são assustadoras predominando nesses conteúdos temas como: pandemia mortal, brutalidades policiais, protestos, teorias da conspiração, política, incêndios florestais, enxames de gafanhotos e muito mais.
Bom, não é surpresa para ninguém que o consumo excessivo de más notícias causa estresse. Uma pesquisa realizada em 2017 pela Associação Norte-Americana de Psicologia revelou que os participantes que se mantiveram a par do ciclo de notícias relataram perda de sono, estresse, ansiedade, fadiga e outros sintomas negativos na saúde mental. Essa mesma pesquisa constatou que até 20% dos norte-americanos monitoram constantemente suas mídias sociais para ver as atualizações e um a cada 10 verificam as notícias de hora em hora.
Alguns profissionais desse ramo sugerem que não se verifique o e-mail, o Facebook, ou o Twitter fora de determinados horários (ou quando ficar parado e precisar de uma mudança de contexto). Tente manter boa parte de sua leitura online focada em assuntos relacionados à sua profissão. Fazer uma pausa para atividades físicas também é um grande auxiliar.
Há maturidade na população para seguir esses conselhos, inclusive o do Lanier? NÃO.
E disto se utilizarão os sistemas econômicos e políticos, em particular os regimes ditatoriais, para monitorarem e controlarem a sociedade, especialmente os mais jovens.