Recebi da
RNP, entregue pelas mãos de seu Diretor, Nelson Simões, o diploma de "Construtores da Internet.br", em reconhecimento a minha atuação na construção e desenvolvimento da Rede Acadêmica Brasileira (inicialmente denominada de Rede Nacional de Pesquisa) e da Internet no Brasil. Fotos abaixo.
Faço esse registro, não só pela imensa honra e satisfação de recebê-lo, mas, principalmente, para expor parte de um Brasil que deu, que dá e que dará certo.
Sim, há coisas no Brasil que foram planejadas, executadas e alcançaram plenamente os objetivos inicialmente previstos, como é o caso da RNP.
Da minha mesa de trabalho no CNPq, instituição que custeou financeiramente, desde 1987, os estudos preliminares e o funcionamento inicial da RNP, sempre presenciei o trabalho de equipes, interna e externa, espalhadas por todo o País, compostas por pessoas extremamente qualificadas e com grande dedicação ao projeto. Vide depoimento logo após as imagens.
Após a implantação de seu primeiro backbone, em 1992, cobrindo 10 estados e o DF, a RNP abraçou diversas atividades e serviços que estimularam o seu uso e o reconhecimento de sua importância para o desenvolvimento do País. Posteriormente, novos backbones foram lançados e a RNP alcançou todo o Brasil.
A partir de maio de 1995, a internet começou a chegar ao ambiente comercial e à sociedade em geral, tendo a RNP estendido os seus serviços de acesso a todos os setores da sociedade.
De lá para cá, diversos desafios foram suplantados e outros estão por serem (e serão) vencidos, pois o DNA que sempre a conduziu, o de um trabalho de equipes extremamente qualificadas e dedicadas, continua presente.
Meus cumprimentos aos antigos companheiros dessa jornada e, especialmente, aos mais jovens que têm a missão de conduzir os destinos da RNP.
Meu depoimento prestado à RNP em 20/10/2017 (*)
No CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), essa história começou em 1987, com a participação do Conselho no Congresso Anual da Sociedade Brasileira de Computação, em julho de 1987, em Salvador, onde se discutiu a viabilidade de uma rede eletrônica para apoio a pesquisa, aprofundada em reunião na USP com a participação da EMBRATEL que detinha o monopólio de conexões com o exterior. Um ponto a ser vencido seria o compartilhamento de uma conexão ao exterior pelas universidades brasileiras já que a EMBRATEL defendia que cada universidade tivesse a sua própria conexão, alternativa esta impossível de ser implantada tanto por falta de infraestrutura como por seus altos custos financeiros.
Como desdobramento desses eventos, o CNPq patrocinou a ida de quatro pesquisadores brasileiros aos Estados Unidos, para fazerem um benchmarking de redes, a saber Alexandre Grojsgold, Demi Getschko, Michael Stanton e Paulo Aguiar. Dessa viagem resultou a decisão de conexão do Brasil à BITNET, concretizada em agosto de 1988 entre o LNCC (Laboratório inicialmente vinculado ao CNPq) e a Universidade de Maryland. Em 1989 foi a vez da FAPESP conectar-se ao FermiLab, em Chicago (março) e a UFRJ à UCLA (maio).
Em agosto de 1989, o MCT formaliza um grupo de trabalho para implantar a RNP composto por pesquisadores, membros de FAPs e da FINEP e delega ao CNPq a sua coordenação. Em setembro a RNP é lançada no Congresso da SUCESU, em São Paulo. Na seqüência o projeto fica em banho-maria e só e retomado em maio de 1990, com o novo governo.
De muita importância para o inicio de funcionamento da RNP, foi o fato de que no mesmo mês de maio, o CNPq criou o projeto Banco de Equipamentos que visava atualizar os laboratórios de informática existentes nos cursos de pós-graduação das áreas de engenharias e ciências da terra.
No final de 1990 foi realizada, até então, a maior compra de estações de trabalho (sparcstation2) do mundo junto à Sun Microsystems . Os kits com as máquinas importadas, em fevereiro 1991, e, em plena semana de carnaval, estavam sendo instalados pelos pesquisadores em seus respectivos laboratórios, graças ao eficiente trabalho de desembaraço alfandegário realizado pela equipe do CNPq em Guarulhos, que rapidamente liberou os mais de 500 equipamentos e os endereçou, nominalmente, para os pesquisadores distribuídos de Manaus a Porto Alegre. À RNP, foram destinados dez kits e foi com eles que a organização começou a operar seu primeiro backbone, que tinha, exatamente, dez nós.
Com isso, engajamos o Brasil inteiro. A Sun não precisou sequer dar treinamentos ou instalar as máquinas, pois os pesquisadores estavam tão ávidos por elas que fizeram a instalação e as configurações sozinhos.
Mas, para os primeiros anos de atividade da rede acadêmica, foi de extrema importância o programa DESI (1992-1998), Desenvolvimento Estratégico em Informática, financiado pelo CNPq (US$ 27 milhões) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (US$ 1 milhão), orçamento mantido em dólares, que viabilizou a contratação de pessoal para o projeto RNP em seus primeiros anos. No relatório final, realizado por três auditores, constava o resultado: todos os objetivos não só atingidos, mas superados!
Os desafios foram sendo vencidos e foi uma agradável e surpresa para os estrangeiros chegarem ao Brasil para a Rio 92, ou Eco 92, e constatarem que havia internet por aqui.
Após a implantação de seu primeiro backbone, em 1992, cobrindo 10 estados e o DF, a RNP abraçou diversas atividades e serviços que estimularam o seu uso e o reconhecimento de sua importância para o desenvolvimento do País. Posteriormente, novos backbones foram lançados e a organização alcançou todo o Brasil.
A partir de maio de 1995, a internet começou a chegar ao ambiente comercial e à sociedade em geral, tendo a RNP estendido os seus serviços de acesso a todos os setores da sociedade.
De lá para cá, diversos desafios foram vencidos e outros estão por serem (e serão) vencidos, pois o DNA que sempre conduziu a organização, o de um trabalho de equipes extremamente qualificadas e dedicadas, continua presente.