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31 maio 2024

Dia seguinte à condenação

Após a divulgação da condenação de Trump ocorrida nesta quinta-feira (30), imediatamente tomou-se conhecimento de diversos fatos a favor de sua candidatura presidencial cujas eleições ocorrerão em novembro, a começar pelo fortalecimento de apoiá-lo financeiramente. Começaremos por este ponto, mas como veremos foi muito mais do que isto.

President Donald Trump receives massive wave of support after he was found guilty in the New York City trial, crashing his donation page.  

  • Sequoia Capital's Shaun Maguire: Donated $300,000 to Trump's campaign.

  • Lee Zeldin: Secured an $800k donation for Trump’s Joint Fundraising Committee. 

  • Tim Pool: "I have just donated the maximum to Donald Trump." 

  • Tucker Carlson: "Import the Third World, become the Third World. That’s what we just saw. This won’t stop Trump. He’ll win the election if he’s not k*lled first." 

  • Megyn Kelly: "Guilty on all counts. The country is disgraced. Alvin Bragg should be disbarred. They will rue the day they unleashed this lawfare to corrupt a presidential election." 

  • Scott Adams: "I just donated to Trump. The donation page crashed from traffic. This is the hill to die on." 

  • Tristan Tate: "Trump donation page? Link?" 

  • Piers Morgan: "Trump’s donation websites are crashing… my guess is this verdict will propel him back into the White House." 

  • Supporters on X: Donating amounts of $3300 and $1000.
 

Elon Musk fará transmissão ao vivo com Donald Trump na rede social X 

Elon Musk se reunirá com Donald Trump e transmitirá o evento ao vivo pela rede social X (ex-Twitter) três anos depois de o ex-presidente ter sido banido da plataforma. A notícia do The Wall Street Journal, foi de ontem mesmo e foi confirmada nesta sexta-feira por Musk, que comentou sobre o assunto e disse: “Isso vai ser interessante”.

A conversa entre os dois empresários também é significativa porque a conta de Trump foi suspensa no X (então Twitter) depois do ataque ao Capitólio promovido por simpatizantes dele em 6 de janeiro de 2021. No entanto, Musk reverteu essa suspensão quando comprou a rede social em 2022.

Bill Pruitt produtor do programa da NBC  “The Apprentice”, falou: 

"Em 2024, Donald Trump já não depende da sua celebridade televisiva. O efeito líquido não é apenas como Trump aparece agora, mas parece profético na forma como sabe como as coisas vão dar certo ou errado” ... “Ele parece que tudo vê e tudo sabe. Somos levados a acreditar que Donald Trump é um líder nato”, escreveu Pruitt. 

Em artigo Eunji Kim, da Universidade de Columbia, e Shawn Patterson Jr., do Annenberg Public Policy Center, da Universidade da Pensilvânia, explicam:

"Se a nova personalidade de Trump consegue persuadir as pessoas a entregar dinheiro, porque não presumiríamos que poderia persuadir as pessoas a entregar votos? As novas pesquisas sugerem fortemente que sim." 

“Como a maioria dos eleitores não tem interações pessoais com os políticos, as ligações candidato-eleitor são principalmente parassociais”, escrevem, referindo-se a um fenômeno em que as pessoas constroem relações percebidas e unilaterais com celebridades.

O soviete brasileiro

Em sua coluna desta semana na revista Oeste, J. R. Guzzo expõe o soviete brasileiro. Ao final do artigo lembra que, como acontecia da URSS, 

[ ... ] "é melhor não dizer que há algo de errado nisso tudo. O princípio constitucional que se firma cada vez mais no Brasil de Lula, do STF e da Rede Globo é o de que qualquer crítica a eles e ao ecossistema que prospera à sua volta, sobretudo as mais bem fundamentadas, é uma "articulação de ataques" contra a democracia. Como na Rússia antiga, e também na de hoje, contar o que as nossas altas autoridades fazem é "ameaçar o Estado". O Estado é o sistema que criaram. O resto é a população que tem a obrigação de obedecer, trabalhar e pagar imposto - e que, segundo Lula, está pagando muito pouco."

A propósito do que Guzzo escreveu, fica aqui a sugestão para que se assista a série "Um cavalheiro em Moscou", que teve origem no livro de mesma denominação, escrito por Amor Towles, publicado em 2016.

A trama começa em 1922 e se encerra em meados dos anos 50 após a morte de Stálin e a escolha de Nikita Khrushchev para substituí-lo. O personagem central, o conde Alexander Rostov, depois que viu seu mundo desmoronar com a Revolução de 1917, estava em Paris. Ele decide voltar para salvar a única sobrevivente de sua família, sua avó. É quando um tribunal bolchevique o condena à prisão perpétua.

Alguns trechos do artigo do Guzzo, reproduzidos a seguir, são muito semelhantes ao clima político mostrado na série. 

[ ... ]

Corroboram também essa visão trechos de dois artigos publicados na FSP por Conrado Hübner Mendes, em 22 e 29 de maio últimos, sob os respectivos títulos: 

"O STF está fora do ar". Nele se ler:

"A participação de ministros (às vezes a maioria do colegiado) em eventos privados de lobby, pintados de acadêmicos, na presença de advogados, empresários e políticos, pagos por empresas do grande poder econômico, é desconhecida em qualquer outro país do mundo. Não precisamos investigar os 193 estados da ONU para atestar a singularidade da prática."

O segundo artigo, "É isto um juiz?, do qual destaca-se o seguinte parágrafo:

"Entre os muitos ângulos dessa heroica jornada, a virtude que mais confere unidade à trajetória de Toffoli não está em sua jurisprudência, mas em sua lealdade."



A lenta fritura de Toffoli?

Acabo de ler no FB do amigo Eury Luna sua análise sobre o artigo de Conrado Hübner Mendes, e a transcrevo abaixo. Logo após o texto do Eury inseri o conteúdo completo do artigo publicado na FSP. Relembro também que na semana anterior (22/05), em sua coluna, o próprio Conrado teceu críticas sobre o comportamento do STF, sob o título: "O STF está fora do ar". Nela se ler:

"A participação de ministros (às vezes a maioria do colegiado) em eventos privados de lobby, pintados de acadêmicos, na presença de advogados, empresários e políticos, pagos por empresas do grande poder econômico, é desconhecida em qualquer outro país do mundo. Não precisamos investigar os 193 estados da ONU para atestar a singularidade da prática."

[ . . . ] "Lembre de dois episódios recentes de promoção da institucionalidade da promiscuidade, emblemas da desfaçatez magistocrática contra valores republicanos: o CNJ rejeitou resolução que exigia transparência para eventos e remunerações de juízes; o STF invalidou regra legal que dificultava a vida de advogados parentes de ministros. Para litigar em tribunais superiores, um setor emergente da advocacia dinástica passou a lucrar com uma espécie de pedágio do parente de ministro."

x . x . x

Vamos ao Eury ... 

#AOrdemFoiDada

A lenta fritura de Toffoli?

MAI 30, 2024

O progressismo adora falar que a tal da extrema-direita (este bicho-papão) usa do procedimento dos dog whistles, os “apitos de cachorro” que são, na verdade, avisos de que será necessário em breve um linchamento para recuperar a ordem perdida do establishment.

Hoje pela manhã o dog whistle foi dado pelo colunista da Folha, Conrado Hübner Mendes, com seu artigo “É isto um juiz?”, endereçado à obsessão do nosso doge de Veneza - a saber, o querido Toffoli do STF.

Afinal, os progressistas extremos também precisam dos seus rituais de purificação - e assim imitam perfeitamente os da extrema-direita.

Aqui no NEIM, esta previsão não é novidade. Antecipamos este movimento ao redor de Toffoli no artigo de Conrado Hubner, abaixo, publicado em 29 DE MAI

#AbraçoFatal

Depois de fazer politicagens para soltar os corruptos, e esmerdear todo o ordenamento jurídico do país, os ministros do STF procuram uma saída honrosa. Hoje são as personalidades mais detestadas da nação. Como sempre acontece na política, é preciso sacrificar alguém para aplacar a fúria do povo.

Read full story

(Uma digressão: até quanto tempo para algum colunista do jornalismo profissional kibar esta nossa análise? Eu diria que isso acontecerá em menos de vinte-e-quatro horas.)

Mas o texto de Hubner indica uma escalada na fritura de Toffoli.

Ele lista uma série de pecados que, na ironia huberiana, são chamados de “lealdades” praticadas recentemente pelo juiz do STF:

Entre os muitos ângulos dessa heróica jornada, a virtude que mais confere unidade à trajetória de Toffoli não está em sua jurisprudência, mas em sua lealdade.

Lealdade a Lula, para começar. Foi Toffoli que, até então apoiador da Operação Lava Jato em Curitiba, após prisão do ex-presidente, não só indeferiu inicialmente que Lula concedesse entrevista a Mônica Bergamo da prisão (no ano seguinte mudou de posição), como impediu Lula de ir ao velório de seu irmão, morto por câncer.

Arrependido, anunciou recentemente que aquela prisão foi "um dos maiores erros judiciários da história do país". Quando da diplomação de Lula, eleito em 2022, disse-lhe ao pé do ouvido: "Me sinto mal com aquela decisão, e queria dormir nesta noite com o seu perdão".

Lealdade às Forças Armadas. Depois de hospedar general em seu gabinete na presidência do tribunal, como forma de estreitar relações, Toffoli anunciou nova interpretação do autoritarismo brasileiro em pleno Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco: "Hoje, não me refiro nem mais a golpe nem a revolução. Me refiro a movimento de 1964".

Lealdade a Bolsonaro, nosso maior entusiasta do movimento de 1964. No início de sua presidência no STF, Toffoli encontrou em escaninhos pouco visitados do pensamento constitucional a ideia da "concepção clássica da separação de Poderes" e do "diálogo". Também anunciou um "pacto entre os Poderes" para "retomar o crescimento".

[…]

Assim, tentou deixar a família do autocrata tão livre quanto possível para violar a lei. Em plantão judiciário, Toffoli congelou investigação contra Flávio Bolsonaro e bloqueou o trabalho do Coaf e da Receita Federal. E passou a frequentar o Palácio.

"Toffoli é nosso", disse Bolsonaro. "Muito bom termos aqui a Justiça ao nosso lado", enfatizou. Toffoli aconselhou Bolsonaro, derrotado na eleição, a sumir: "Presidente, sua presença na cerimônia de posse só vai mostrar um país dividido, as pessoas vão vaiar" (relato de Recondo e Weber, no livro "O Tribunal").

Sua lealdade a Augusto Aras foi inspiradora. Depois de organizar livro em homenagem ao PGR, apoiar sua recondução e indeferir pedido de investigação por crime de prevaricação contra Augusto, que se disse "estrategicamente discreto" por arquivar mais de 70 representações contra Bolsonaro, Toffoli discursou na despedida: "Não fosse a responsabilidade, a paciência, a discrição e a força do silêncio de sua Excelência, talvez não estivéssemos aqui, não teríamos, talvez, democracia."

Sua lealdade aos pobres se mostrou recentemente ao se juntar a André Mendonça e Kassio Nunes para manter condenação de réu pela tentativa de furto de uma pasta de dente, três pares de meia e uma blusa corta-vento, no valor de R$ 124. Assim ajudou a Primeira Turma do tribunal a revogar o princípio da insignificância.

Mas amor, mesmo, Toffoli resolveu declarar ao neolavajatismo (ou lava-jatismo invertido, também conhecido como antilavajatismo sectário). Seu rigor pela invalidação monocrática de provas produzidas contra a oligarquia colonial e extrativista, sob o argumento genérico de violação do devido processo, comove a advocacia lobista mais do que a prisão do pobre coitado. Trabalhadores e pensionistas vão pagar a conta da suspensão da multa de bilhões de reais das maiores empresas do país.

Nesta ladainha, Conrado Hubner mostra que é um excelente garoto de recados da imprensa e do status quo que precisa sobreviver em Brasília, depois desta semana ter sido revelada a agonia política de Lula.

A ordem contra Toffoli foi dada. Basta saber quando (e como) será o sacrifício do bode expiatório. Pelo jeito, não deve demorar muito tempo.

Afinal, o povo tem sede - e é de sangue.

*  *. *

É isto um juiz?

Próximo de completar 15 anos na cadeira, Toffoli vai fazendo história

O ministro Dias Toffoli chegou ao STF após nomeação rodeada de controvérsia. A ausência de credenciais acadêmicas e profissionais e a atuação pouco conhecida como advogado de partido foram lembradas de modo recorrente para questionar a nomeação mais sagaz e corajosa de Lula.

Não levou muito tempo para Toffoli revelar seu estofo jurídico em texto nesta Folha. Celebrando a autobiografia de Hans Kelsen, maior jurista alemão do século 20, concluiu: "Em uma era de ponderações, imprevisibilidade e incertezas, é reconfortante olhar para o horizonte e enxergar um porto seguro nas teorias de Kelsen."

Kelsen não viveu para gozar dessa homenagem do jovem juiz constitucional brasileiro, que anunciava ali seu projeto de judicatura. Próximo de completar 15 anos na cadeira, o ministro que queria "enxergar um porto seguro" nessa "era de ponderações, imprevisibilidade e incertezas" merece um balanço de sua contribuição à crônica da vida magistocrática.

Entre os muitos ângulos dessa heroica jornada, a virtude que mais confere unidade à trajetória de Toffoli não está em sua jurisprudência, mas em sua lealdade.

Lealdade a Lula, para começar. Foi Toffoli que, até então apoiador da Operação Lava Jato em Curitiba, após prisão do ex-presidente, não só indeferiu inicialmente que Lula concedesse entrevista a Mônica Bergamo da prisão (no ano seguinte mudou de posição), como impediu Lula de ir ao velório de seu irmão, morto por câncer.

Arrependido, anunciou recentemente que aquela prisão foi "um dos maiores erros judiciários da história do país". Quando da diplomação de Lula, eleito em 2022, disse-lhe ao pé do ouvido: "Me sinto mal com aquela decisão, e queria dormir nesta noite com o seu perdão".

Lealdade às Forças Armadas. Depois de hospedar general em seu gabinete na presidência do tribunal, como forma de estreitar relações, Toffoli anunciou nova interpretação do autoritarismo brasileiro em pleno Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco: "Hoje, não me refiro nem mais a golpe nem a revolução. Me refiro a movimento de 1964".

Lealdade a Bolsonaro, nosso maior entusiasta do movimento de 1964. No início de sua presidência no STF, Toffoli encontrou em escaninhos pouco visitados do pensamento constitucional a ideia da "concepção clássica da separação de Poderes" e do "diálogo". Também anunciou um "pacto entre os Poderes" para "retomar o crescimento".

Não foi em Kelsen que encontrou essa ideia: "O Supremo deve ter esse papel moderador, oferecer soluções em momentos de crise".

Assim, tentou deixar a família do autocrata tão livre quanto possível para violar a lei. Em plantão judiciário, Toffoli congelou investigação contra Flávio Bolsonaro e bloqueou o trabalho do Coaf e da Receita Federal. E passou a frequentar o Palácio.

"Toffoli é nosso", disse Bolsonaro. "Muito bom termos aqui a Justiça ao nosso lado", enfatizou. Toffoli aconselhou Bolsonaro, derrotado na eleição, a sumir: "Presidente, sua presença na cerimônia de posse só vai mostrar um país dividido, as pessoas vão vaiar" (relato de Recondo e Weber, no livro "O Tribunal").

Sua lealdade a Augusto Aras foi inspiradora. Depois de organizar livro em homenagem ao PGR, apoiar sua recondução e indeferir pedido de investigação por crime de prevaricação contra Augusto, que se disse "estrategicamente discreto" por arquivar mais de 70 representações contra Bolsonaro, Toffoli discursou na despedida: "Não fosse a responsabilidade, a paciência, a discrição e a força do silêncio de sua Excelência, talvez não estivéssemos aqui, não teríamos, talvez, democracia."

Sua lealdade aos pobres se mostrou recentemente ao se juntar a André Mendonça e Kassio Nunes para manter condenação de réu pela tentativa de furto de uma pasta de dente, três pares de meia e uma blusa corta-vento, no valor de R$ 124. Assim ajudou a Primeira Turma do tribunal a revogar o princípio da insignificância.

Mas amor, mesmo, Toffoli resolveu declarar ao neolavajatismo (ou lava-jatismo invertido, também conhecido como antilavajatismo sectário). Seu rigor pela invalidação monocrática de provas produzidas contra a oligarquia colonial e extrativista, sob o argumento genérico de violação do devido processo, comove a advocacia lobista mais do que a prisão do pobre coitado. Trabalhadores e pensionistas vão pagar a conta da suspensão da multa de bilhões de reais das maiores empresas do país.

Uma causa, dizem, progressista.

Um olhar microscópio nas MPMEs: as oportunidades para o Brasil

O McKinsey Global Institute agregou um rico conjunto de dados de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e de grandes empresas em 12 setores, 68 subsetores de nível dois e mais de 200 subsetores de nível três para 16 países que representam mais de metade do PIB global.

O ano para o qual os dados são representados é 2019. As microempresas têm <10 funcionários, as pequenas empresas têm de 10–49 funcionários, as médias empresas têm de  50–249 funcionários e as grandes empresas têm ≥ 250 funcionários. A análise exclui os seguintes setores devido a dados inconsistentes: agricultura, finanças, atividades de seguros, imobiliário, administração pública e defesa, educação, saúde humana e serviço social, artes e entretenimento, atividades domésticas, e atividades de organizações extraterritoriais.

As apresentações visuais resumem as conclusões dos 16 países da pesquisa, representando diferentes níveis de rendimento. No grupo (listado pelo PIB per capita em 2021 em termos de paridade de poder de compra) estão dez economias avançadas: Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Reino Unido, Itália, Israel, Japão, Espanha, Polónia e Portugal; e seis economias emergentes: México, Brasil, Indonésia, Índia, Nigéria e Quénia. Mostra-se a seguir os resultados do Brasil.

As MPMEs no Brasil contribuem com 47% para o valor agregado e 63% para emprego em comparação com 49% e 77%, respectivamente, com outros países de economias emergentes e desempenham um papel significativo papel no comércio e na construção.



Participação das MPMEs no valor agregado empresarial e no emprego por setor, %




Papel das MPMEs nos negócios dinamismo, participação do público empresas com >$ 1,4 bilhão capitalização de mercado em 2022 que eram MPMEs em algum momento desde 2000, %







Produtividade de grandes empresas vs MPMEs, indexada (100 = produtividade média simples entre países para cada subsetor



30 maio 2024

OPERAÇÃO ANADYR - CARGA PRECIOSA APANHADA EM FLAGRANTE

Em post anterior se falou sobre a decisão de Khrushchev, em 1962, de instalar mísseis nucleares em Cuba. Khrushchev confiou a implementação de sua ousada ideia a três comandantes militares de alto escalão – Biryuzov, Rodion Malinovsky (o ministro da Defesa) e Matvei Zakharov (o chefe do Estado-Maior) – e toda a operação foi planejada por um punhado de oficiais generais trabalhando em total sigilo.

Um mapa de Cuba com instruções detalhadas sobre 
como preparar a divisão de mísseis soviética no país

Dentre os principais documentos recentemente divulgados está uma proposta formal para a operação preparada pelos militares e assinada por Malinovsky e Zakharov. Está datada de 24 de maio de 1962 – apenas três dias depois de Khrushchev ter apresentado a sua ideia de colocar mísseis nucleares em Cuba ao Conselho de Defesa, o órgão político-militar supremo que ele presidiu.

De acordo com a proposta, o exército soviético enviaria para Cuba a 51ª Divisão de Mísseis, composta por cinco regimentos: todos os oficiais e soldados do grupo, cerca de 8.000 homens, deixariam a sua base no oeste da Ucrânia e ficariam permanentemente estacionados em Cuba. Eles levariam consigo 60 mísseis balísticos: 36 R-12 de médio alcance e 24 R-14 de alcance intermediário. Os R-14 foram um desafio particular: com 25 metros de comprimento e 86 toneladas, os mísseis exigiam uma série de engenheiros e técnicos de construção, bem como dezenas de esteiras, guindastes, escavadeiras e betoneiras para instalá-los nas plataformas de lançamento a serem construídas em Cuba. Às tropas da divisão de mísseis se juntariam muitos outros soldados e equipamentos: duas divisões antiaéreas, um regimento de bombardeiros Il-28, um esquadrão da Força Aérea de caças MIG, três regimentos com helicópteros e mísseis de cruzeiro, quatro regimentos de infantaria com tanques e tropas de apoio e logística. A lista dessas unidades preenchia cinco páginas da proposta de 24 de maio: 44 mil homens fardados, além de 1,8 mil especialistas em construção e engenharia.

Depreende-se dos documentos que os generais soviéticos nunca antes tinham mobilizado uma divisão completa de mísseis e tantas tropas por mar, e agora tinham de enviá-las para outro hemisfério. Imperturbáveis, os planejadores militares batizaram a operação com o nome de código “Anadyr”, em homenagem ao rio Ártico, através do Mar de Bering, a partir do Alasca – desvio geográfico concebido para confundir a inteligência dos EUA.

No topo da proposta, Khrushchev escreveu a palavra “concordo” e assinou seu nome. A alguma distância abaixo estão as assinaturas de outros 15 líderes seniores. Se a operação falhasse, Khrushchev queria garantir que nenhum outro membro da liderança pudesse distanciar-se dela. Ele conseguiu intimidar seus colegas para que literalmente aderissem ao seu esquema. 

Uma cena surpreendentemente semelhante repetir-se-ia 60 anos depois, quando, dias antes da invasão da Ucrânia, Putin forçou os membros do seu conselho de segurança, um por um, a falar em voz alta e apoiar a sua “operação militar especial” numa reunião televisiva.


À esquerda, A proposta de 24 de maio para enviar mísseis nucleares a Cuba, 
assinada no topo por Khrushchev e abaixo por outros 15 líderes seniores.
À direita: As instruções dos militares soviéticos sobre como
esconder equipamentos em navios destinados a Cuba

OPERAÇÃO ANADYR

Em 29 de maio de 1962, Biryuzov chegou a Cuba com uma delegação soviética e se fez passar por engenheiro agrônomo chamado Petrov. Castro abraçou os mísseis soviéticos como um serviço a todo o campo socialista, uma contribuição cubana à luta contra o imperialismo americano.

Em junho, quando Khrushchev se reuniu novamente com os militares, Aleksei Dementyev, um conselheiro militar soviético em Cuba que foi convocado a Moscou, emergiu como uma voz solitária de cautela. Contudo, a operação já estava decidida; era tarde demais para contestá-la, muito menos na cara de Khrushchev. No final de junho, Castro enviou o seu irmão Raul, então ministro da Defesa, a Moscou para discutir um acordo de defesa mútua que legitimaria os destacamentos militares soviéticos em Cuba. A Raul, Khrushchev prometeu enviar uma flotilha militar a Cuba para demonstrar a determinação soviética no quintal dos Estados Unidos. No entanto, por trás da alarde habitual estava o medo. Khrushchev queria manter a Anadyr em segredo durante o maior tempo possível, para que os EUA não interviessem e derrubassem os seus planos ambiciosos. E assim o acordo militar soviético-cubano nunca foi publicado.

Os principais comandantes soviéticos também queriam esconder o verdadeiro propósito da Operação Anadyr – mesmo da maior parte do resto das forças armadas soviéticas. Os documentos oficiais recentemente desclassificados, referiam-se à operação como um “exercício”. Assim, a maior aposta da história nuclear foi apresentada ao resto dos militares como treino de rotina. 

Num paralelo surpreendente, a desventura de Putin na Ucrânia também foi considerada um “exercício”, com os comandantes das unidades a serem deixados no escuro até ao último momento.

A Operação Anadyr começou para valer em julho. No dia 7, Malinovsky informou a Khrushchev que todos os mísseis e pessoal estavam prontos para partir para Cuba. A expedição foi batizada de Grupo das Forças Soviéticas em Cuba, e seu comandante era Issa Pliev, um general de cavalaria de 59 anos, veterano da Guerra Civil Russa e da Segunda Guerra Mundial. No mesmo dia, Khrushchev reuniu-se com ele, Igor Stasenko, o comandante da divisão de mísseis do exército (43 anos) e 60 outros generais, oficiais superiores e comandantes de unidades enquanto se preparavam para partir. A missão deles era voar para Cuba para reconhecimento e preparar tudo para a chegada da armada com mísseis e tropas nos meses seguintes. No dia 12 de julho, o grupo chegou a Cuba a bordo de um avião de passageiros da Aeroflot. Uma semana depois, mais cem oficiais chegaram em mais dois voos.

O comandante da operação chegou em 12 de julho. De 21 a 25 de julho, ele e outros oficiais soviéticos cruzaram a ilha, vestindo uniformes do exército cubano e acompanhados pelos guarda-costas pessoais de Castro. Inspecionaram os locais selecionados para a implantação de cinco regimentos de mísseis, todos no oeste e centro de Cuba, de acordo com o relatório otimista de Biryuzov. 

Além das dificuldades inesperadas na localização dos mísseis, os soviéticos encontraram outras surpresas em Cuba. Pliev e outros generais planejaram cavar abrigos subterrâneos para as tropas, mas o solo cubano revelou-se demasiado rochoso. Entretanto, o equipamento elétrico soviético era incompatível com o fornecimento de eletricidade cubano, que funcionava no padrão norte-americano de 120 volts e 60 hertz.

Os planejadores soviéticos também se esqueceram de considerar o clima: a temporada de furacões em Cuba vai de Junho a Novembro, precisamente quando os mísseis e as tropas tiveram de ser mobilizados, e as chuvas incessantes impediram o transporte e a construção. A eletrônica e os motores soviéticos, projetados para os climas frios e temperados da Europa, corroeram-se rapidamente com a umidade sufocante. Somente em setembro, bem depois do início da operação, o Estado-Maior enviou instruções para operação e manutenção de armamento em condições tropicais.

“Tudo isto deveria ter sido conhecido antes do início do trabalho de reconhecimento”, disse Statsenko aos seus superiores dois meses após o fim da crise, com o seu memorando repleto de irritação. Ele censurou os planejadores por saberem tão pouco sobre Cuba. “Toda a operação deveria ter sido precedida pelo menos por um mínimo de conhecimento e estudo – por parte daqueles que deveriam executar a tarefa – das capacidades econômicas do Estado, das condições geográficas locais e da situação militar e política do país.” Ele não se atreveu a mencionar o nome de Biryuzov, mas, de qualquer forma, estava claro para todos que o verdadeiro culpado era Khrushchev, que não deixara aos seus militares tempo para se prepararem.

CARGA PRECIOSA

Apesar de todas as dificuldades, Anadyr foi uma conquista logística considerável. A escala das remessas foi enorme, como detalham os documentos recentemente desclassificados. Centenas de comboios transportaram tropas e mísseis para oito portos de partida soviéticos, entre eles Sebastopol na Crimeia, Baltiysk em Kaliningrado e Liepaja na Letónia. Nikolayev – hoje a cidade ucraniana de Mykolayiv – no Mar Negro serviu como principal centro de transporte de mísseis devido às suas gigantescas instalações portuárias e ligações ferroviárias. 

NÚMEROS EXPRESSIVOS

Como os guindastes do porto eram pequenos demais para carregar os foguetes maiores, um guindaste flutuante de 100 toneladas foi trazido para fazer o trabalho. O carregamento acontecia à noite e geralmente demorava dois ou três dias por míssil. Tudo foi feito pela primeira vez e os engenheiros soviéticos tiveram que resolver inúmeros problemas na hora. Eles descobriram como amarrar mísseis dentro de navios que normalmente eram usados para transportar grãos ou cimento e como armazenar combustível líquido de foguete com segurança dentro do porão. Duzentos e cinquenta e seis vagões entregaram 3.810 toneladas métricas de munições. Foram enviados cerca de 8.000 caminhões e carros, 500 reboques e 100 tratores, juntamente com 31.000 toneladas métricas de combustível para carros, aviões, navios e, claro, mísseis. Os militares despacharam 24.500 toneladas de alimentos. Os soviéticos planejavam permanecer em Cuba por muito tempo.

De julho a outubro, a armada de 85 navios transportou homens e suprimentos do Mar Negro, através do Mediterrâneo e através do Oceano Atlântico. As tripulações dos navios puderam perceber que suas embarcações não passavam despercebidas. 

Mas os navios tiveram sorte e chegaram a Cuba sem incidentes. No dia 9 de setembro, os primeiros seis mísseis R-12, guardados no cargueiro Omsk, chegaram ao porto de Casilda, na costa sul de Cuba. Outros chegaram mais tarde a Mariel, a oeste de Havana. Os mísseis foram descarregados secretamente à noite, entre 12h e 5h. Os trabalhadores da construção civil que deveriam construir plataformas para os mísseis R-14 mais pesados ainda não haviam chegado, então os soldados presentes tiveram que fazer todo o trabalho.

Havia então cerca de 44 mil militares soviéticos em solo cubano. Os da divisão de mísseis de Statsenko concentraram-se na construção de plataformas de lançamento para mísseis R-12. Outros tripulavam bombardeiros, mísseis terra-ar, caças e outros armamentos que Moscou enviara para a ilha.

O Estado-Maior soviético queria que as plataformas de lançamento do R-12 fossem concluídas até 1º de novembro. Porém, em meados de outubro, nenhum dos locais de mísseis estava pronto. Aquela que estava mais perto de ser concluída – a instalação do R-12 perto de Calabazar de Sagua, no centro de Cuba – estava afetada por problemas de comunicação, sem qualquer ligação de rádio confiável entre ela e a sede em Havana. Estava quase tudo pronto. E então chegou o dia 14 de outubro.

Naquela manhã, um avião espião americano U-2, voando a 72.500 pés e equipado com uma câmera de grande formato, passou por cima de alguns canteiros de obras. Dois dias depois, as fotografias estavam na mesa de Kennedy.


Mapa soviético detalhando o progresso 
das instalação dos mísseis

Embora Khrushchev tenha delirado e se enfurecido nos primeiros dois dias após Kennedy ter declarado o bloqueio naval, acusando os Estados Unidos de duplicidade e “pirataria total”, em 25 de Outubro, ele mudou de tom. Naquele dia, ele ditou uma carta a Kennedy na qual prometia retirar os mísseis em troca da promessa americana de não intervenção em Cuba. Dois dias depois, ele adicionou à sua lista de desejos a remoção dos mísseis Júpiter dos EUA na Turquia, confundindo Kennedy e prolongando a crise. No final, Kennedy decidiu aceitar a oferta. Ele instruiu seu irmão Robert, o procurador-geral, a se reunir com Anatolii Dobrynin, o embaixador soviético em Washington.

Na noite de 27 de Outubro, Robert Kennedy fez uma promessa informal de retirar os mísseis Júpiter da Turquia, mas insistiu que a concessão deveria permanecer secreta. Os telegramas recentemente disponíveis de Moscou para Dobrynin mostram quão importante era esta garantia para Khrushchev. O embaixador foi especificamente instruído a extrair a palavra “acordo” de Kennedy, presumivelmente para que Khrushchev pudesse vender o acordo como uma capitulação americana ao seu círculo íntimo. Ao criar a impressão de que Kennedy também estava a fazer concessões, a palavra “acordo” ajudaria a redenominar uma rendição como uma vitória, uma troca Cuba-pela-Turquia.

O desenvolvimento mais perturbador de todos, contudo, foi um apelo que Castro enviou na manhã de 27 de Outubro, hora de Havana, no qual pedia a Khrushchev que lançasse um ataque nuclear preventivo contra os Estados Unidos se os americanos ousassem invadir Cuba. Os historiadores há muito que conhecem este apelo, mas graças aos novos documentos, sabe-se agora mais sobre o que Khrushchev pensava dele. “O que é isso: uma loucura temporária ou ausência de cérebro?” ele se irritou em 30 de outubro, de acordo com um ditado desclassificado feito por sua secretária.

APRENDER E ESQUECER

De acordo com os pesquisadores Sergey Radchenko e Vladislav Zubok, desde 1962, historiadores, cientistas políticos e teóricos dos jogos têm repetido incessantemente a crise dos mísseis cubanos. Foram publicados volumes de documentos e realizaram-se inúmeras conferências e jogos de guerra. O clássico relato da crise de Graham Allison, "Essence of Decision", foi publicado em 1971 e atualizado em 1999 com a ajuda de Philip Zelikow. Uma das conclusões do livro original, também incluída na edição revista, resistiu ao teste do tempo: a crise foi “o acontecimento definidor da era nuclear e o momento mais perigoso registado na história”.

Mas os documentos soviéticos desclassificados fazem algumas correções importantes à visão convencional, destacando o calcanhar de aquiles do processo de tomada de decisão do Kremlin, que persiste até hoje: um mecanismo de feedback quebrado. Os líderes militares soviéticos tinham conhecimentos mínimos sobre Cuba, enganaram-se sobre a sua capacidade de esconder a sua operação, ignoraram os perigos do reconhecimento aéreo dos EUA e ignoraram os avisos dos especialistas. Um pequeno círculo de altos funcionários que nada sabiam sobre Cuba, agindo em extremo sigilo, elaborou um plano desleixado para uma operação que estava fadada ao fracasso e nunca permitiu que ninguém questionasse as suas suposições.

Na verdade, foi a falha do mecanismo de feedback que levou à causa imediata da crise, os mísseis mal camuflados. Allison e Zelikow concluíram que este descuido não foi o resultado de incompetência, mas uma consequência do facto de os militares soviéticos seguirem inconscientemente os seus procedimentos operacionais padrão, que tinham sido “concebidos para ambientes em que a camuflagem nunca tinha sido necessária”. Nesta visão, as forças soviéticas não conseguiram camuflar adequadamente os mísseis simplesmente porque nunca o tinham feito antes.

A nova evidência dá uma resposta diferente. Os soviéticos reconheceram plenamente a importância de esconder os mísseis, e toda a estratégia de Khrushchev baseou-se, de fato, na falsa suposição de que seriam capazes de fazer exatamente isso. Os oficiais militares soviéticos em Cuba também estavam conscientes da importância de ocultar os mísseis. Eles reconheceram o perigo do reconhecimento aéreo dos EUA, tentaram enfrentá-lo propondo locais melhores e ainda assim falharam. O cerne do problema era o descuido e a incompetência originais de Biryuzov. A sua conclusão imediata de que os mísseis poderiam estar escondidos sob as palmeiras foi transmitida como uma verdade incontestável. Especialistas militares muito abaixo dele na hierarquia notaram que os mísseis seriam expostos aos sobrevoos do U-2 e relataram devidamente o problema à cadeia de comando. No entanto, os planejadores do Estado-Maior nunca corrigiram a situação, não querendo incomodar os seus superiores ou questionar a ideia de toda a operação. 

A Operação Anadyr falhou não porque as forças de foguetes soviéticas estivessem demasiado apegadas aos seus procedimentos padrão, mas porque a hipercentralização militar impediu que os mecanismos de feedback funcionassem corretamente.

29 maio 2024

Grécia deportará ativistas europeus atuantes na Universidade de Atenas

Finalmente

Até que enfim algumas universidades começam a tomar decisões sábias e exemplares para estudantes que querem um futuro desastroso para eles e para os seus países.

A Grécia acabou de anunciar que começará a deportar todos os estudantes estrangeiros que frequentam suas universidades para se manifestarem a favor do grupo terrorista Hamas.

Foram expulsos um espanhol, três francesas, duas alemãs, duas italianas e uma britânica que estavam detidas desde 14 de maio, depois de terem sido presas nos protestos civis na universidade da capital grega, nos quais se manifestaram contra Israel.

Parece que o mundo está acordando, exceto algumas "lideranças" de países ocidentais, no caminho da autodestruição. Nesse último contexto se encontra o Brasil, que emitiu congratulações ao Hamas e cujo embaixador brasileiro em Israel, teve hoje sua transferência determinada - publicada no Diário Oficial - por Lula.






28 maio 2024

Congresso mantém ‘Veto da Liberdade’


O Congresso, nesta terça-feira (28), manteve o ‘Veto da Liberdade’ assinado pelo então presidente Bolsonaro, que impede censura nas redes sociais. O placar final foi de 317 votos a favor de manter o veto da liberdade, 139 contras e com apenas 4 abstenções.

O veto do então presidente Jair Bolsonaro havia retirado o trecho sobre fake news do texto da substituição da Lei de Segurança Nacional (LSN). O trecho vetado pelo ex-presidente previa criminalização da disseminação em massa de “fatos inverídicos” durante as eleições. As penas vão de 1 a 5 anos de cadeia, além de multa.

Durante a votação, os aliados do ex-presidente argumentaram que a redação do trecho poderia abrir margem para retaliações com fins políticos. O próprio Bolsonaro chegou a procurar os líderes do Congresso para que o veto sobre fake news não fosse derrubado.

Votaram pela derrubada do veto

  1. Acácio Favacho (MDB-AP)
  2. Airton Faleiro (PT-PA)
  3. Alencar Santana (PT-SP)
  4. Alexandre Lindenmeyer (PT-RS)
  5. Alfredinho (PT-SP)
  6. Alice Portugal (PCdoB-BA)
  7. Aliel Machado (PV-PR)
  8. Ana Paula Lima (PT-SC)
  9. Ana Pimentel (PT-MG)
  10. André Figueiredo (PDT-CE)
  11. André Janones (Avante-MG)
  12. Antônio Doido (MDB-PA)
  13. Arlindo Chinaglia (PT-SP)
  14. Bacelar (PV-BA)
  15. Bandeira de Mello (PSB-RJ)
  16. Benedita da Silva (PT-RJ)
  17. Bohn Gass (PT-RS)
  18. Camila Jara (PT-MS)
  19. Carlos Veras (PT-PE)
  20. Carlos Zarattini (PT-SP)
  21. Carol Dartora (PT-PR)
  22. Célia Xakriabá (PSOL-MG)
  23. Chico Alencar (PSOL-RJ)
  24. Cleber Verde (MDB-MA)
  25. Clodoaldo Magalhães (PV-PE)
  26. Daiana Santos (PCdoB-RS)
  27. Dandara (PT-MG)
  28. Daniela do Waguinho (União-RJ)
  29. Daniel Almeida (PCdoB-BA)
  30. Darci de Matos (PSD-SC)
  31. Delegada Adriana Accorsi (PT-GO)
  32. Délio Pinheiro (PDT-MG)
  33. Denise Pessôa (PT-RS)
  34. Dilvanda Faro (PT-PA)
  35. Dimas Gadelha (PT-RJ)
  36. Dorinaldo Malafaia (PDT-AP)
  37. Dr. Francisco (PT-PI)
  38. Duarte Jr. (PSB-MA)
  39. Duda Salabert (PDT-MG)
  40. Eduardo Bismarck (PDT-CE)
  41. Elcione Barbalho (MDB-PA)
  42. Eriberto Medeiros (PSB-PE)
  43. Erika Hilton (PSOL-SP)
  44. Erika Kokay (PT-DF)
  45. Eunício Oliveira (MDB-CE)
  46. Fábio Macedo (Podemos-MA)
  47. Felipe Carreras (PSB-PE)
  48. Félix Mendonça Júnior (PDT-BA)
  49. Fernanda Melchionna (PSOL-RS)
  50. Fernando Mineiro (PT-RN)
  51. Flávia Morais (PDT-GO)
  52. Flávio Nogueira (PT-PI)
  53. Geraldo Resende (PSDB-MS)
  54. Gervásio Maia (PSB-PB)
  55. Glauber Braga (PSOL-RJ)
  56. Gleisi Hoffmann (PT-PR)
  57. Guilherme Boulos (PSOL-SP)
  58. Guilherme Uchoa (PSB-PE)
  59. Gutemberg Reis (MDB-RJ)
  60. Helder Salomão (PT-ES)
  61. Hildo Rocha (MDB-MA)
  62. Idilvan Alencar (PDT-CE)
  63. Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL)
  64. Ivan Valente (PSOL-SP)
  65. Ivoneide Caetano (PT-BA)
  66. Jack Rocha (PT-ES)
  67. Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
  68. Jilmar Tatto (PT-SP)
  69. João Daniel (PT-SE)
  70. Jonas Donizette (PSB-SP)
  71. Jorge Solla (PT-BA)
  72. José Airton Félix Cirilo (PT-CE)
  73. José Guimarães (PT-CE)
  74. Joseildo Ramos (PT-BA)
  75. Josias Gomes (PT-BA)
  76. Juliana Cardoso (PT-SP)
  77. Junior Lourenço (PL-MA)
  78. Keniston Braga (MDB-PA)
  79. Kiko Celeguim (PT-SP)
  80. Laura Carneiro (PSD-RJ)
  81. Leonardo Monteiro (PT-MG)
  82. Leônidas Cristino (PDT-CE)
  83. Lídice da Mata (PSB-BA)
  84. Lindbergh Farias (PT-RJ) >>>>>>>>>>>>>> O lindinho assim encaminhou o seu voto:  

  85. Lucas Ramos (PSB-PE)
  86. Luciano Amaral (PV-AL)
  87. Luis Tibé (Avante-MG)
  88. Luiza Erundina (PSOL-SP)
  89. Luiz Couto (PT-PB)
  90. Luizianne Lins (PT-CE)
  91. Márcio Honaiser (PDT-MA)
  92. Márcio Jerry (PCdoB-MA)
  93. Marcon (PT-RS)
  94. Maria Arraes (Solidaried-PE)
  95. Maria do Rosário (PT-RS)
  96. Mauro Benevides Filho (PDT-CE)
  97. Max Lemos (PDT-RJ)
  98. Merlong Solano (PT-PI)
  99. Miguel Ângelo (PT-MG)
  100. Natália Bonavides (PT-RN)
  101. Nilto Tatto (PT-SP)
  102. Odair Cunha (PT-MG)
  103. Orlando Silva (PCdoB-SP)
  104. Padre João (PT-MG)
  105. Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ)
  106. Pastor Sargento Isidório (Avante-BA)
  107. Patrus Ananias (PT-MG)
  108. Paulo Guedes (PT-MG)
  109. Pedro Campos (PSB-PE)
  110. Pedro Uczai (PT-SC)
  111. Pompeo de Mattos (PDT-RS)
  112. Prof. Reginaldo Veras (PV-DF)
  113. Professora Goreth (PDT-AP)
  114. Professora Luciene Cavalcante (PSOL-SP)
  115. Reginaldo Lopes (PT-MG)
  116. Reginete Bispo (PT-RS)
  117. Reimont (PT-RJ)
  118. Renan Ferreirinha (PSD-RJ)
  119. Renildo Calheiros (PCdoB-PE)
  120. Rogério Correia (PT-MG)
  121. Rubens Otoni (PT-GO)
  122. Rubens Pereira Júnior (PT-MA)
  123. Rui Falcão (PT-SP)
  124. Sâmia Bomfim (PSOL-SP)
  125. Socorro Neri (PP-AC)
  126. Tabata Amaral (PSB-SP)
  127. Tadeu Veneri (PT-PR)
  128. Talíria Petrone (PSOL-RJ)
  129. Tarcísio Motta (PSOL-RJ)
  130. Túlio Gadêlha (Rede-PE)
  131. Valmir Assunção (PT-BA)
  132. Vander Loubet (PT-MS)
  133. Vicentinho (PT-SP)
  134. Waldemar Oliveira (Avante-PE)
  135. Waldenor Pereira (PT-BA)
  136. Washington Quaquá (PT-RJ)
  137. Welter (PT-PR)
  138. Yury do Paredão (MDB-CE)
  139. Zeca Dirceu (PT-PR)

A próxima votação foi a derrubada do veto, por 314 a 126 votos, que mantinha as "saidinhas" de criminosos às ruas, para aterrorizar a população. Lula tentou fazer um agrado aos seus apoiadores nos presídios, mas o Congresso confirmou o fim da moleza para os bandidos. O benefício, portanto, será dado somente a quem for sair para estudar – seja ensino médio, superior, supletivo ou cursos profissionalizantes.

Por último, foi derrubado veto, por 309 a 107 votos, que liberava o governo para usar recursos do orçamento com financiamento de invasores de terra, promoção de ideologia de gênero nas escolas, e procedimentos para mudança de sexo em menores de idades.

27 maio 2024

Errando à beira do abismo. O fiasco da palmeira

A história secreta e as lições não aprendidas da crise dos mísseis cubanos


Os detalhes do fiasco da palmeira são apenas algumas das revelações nas centenas de páginas de documentos ultra-secretos recentemente desclassificados (deixaram de ser secretos) e divulgados sobre a tomada de decisões e o planejamento militar soviético. 

Não há palmeiras suficientes, pensou consigo mesmo o general soviético. Era julho de 1962, e Igor Statsenko, o comandante da divisão de mísseis do Exército Vermelho, de 43 anos, nascido na Ucrânia, encontrou-se dentro de um helicóptero, sobrevoando o centro e o oeste de Cuba. 

Abaixo dele havia uma paisagem acidentada, com poucas estradas e pouca floresta. Sete semanas antes, o seu superior – Sergei Biryuzov, comandante das Forças de Mísseis Estratégicos Soviéticos – tinha viajado para Cuba disfarçado de especialista agrícola. Biryuzov reuniu-se com o primeiro-ministro do país, Fidel Castro, e partilhou com ele uma "proposta extraordinária" do líder da União Soviética, Nikita Khrushchev, para instalar mísseis nucleares balísticos em solo cubano. Biryuzov, um artilheiro de formação que sabia pouco sobre mísseis, regressou à União Soviética para dizer a Khrushchev que os mísseis poderiam ser escondidos em segurança sob a folhagem das abundantes palmeiras da ilha.

Mas quando Statsenko, um profissional sensato, pesquisou os locais cubanos do ar, percebeu que a ideia era uma besteira. Ele e os outros oficiais militares soviéticos da equipe de reconhecimento imediatamente levantaram o problema aos seus superiores. Nas áreas onde as bases de mísseis deveriam ficar, apontaram eles, as palmeiras ficavam separadas por 12 a 15 metros e cobriam apenas 1/16 do solo. Não haveria forma de esconder as armas da superpotência (EUA) situada a apenas 145 quilômetros de distância.

Mas a notícia aparentemente nunca chegou a Khrushchev, que avançou com o seu esquema na crença de que a operação permaneceria secreta até que os mísseis estivessem instalados. Foi uma ilusão fatal. Em outubro, um avião americano de reconhecimento U-2 de alta altitude avistou os locais de lançamento, e começou o que ficou conhecido como “a crise dos mísseis cubanos”. Durante uma semana, o presidente dos EUA, John F. Kennedy, e os seus conselheiros debateram em segredo sobre como responder. Em última análise, Kennedy optou por não lançar um ataque preventivo para destruir as instalações soviéticas e, em vez disso, declarou um bloqueio naval a Cuba para dar a Moscou a oportunidade de recuar.


Ao longo de 13 dias assustadores, o mundo esteve à beira de uma guerra nuclear, com Kennedy e Khrushchev a enfrentarem-se “olho no olho”, nas memoráveis palavras do Secretário de Estado Dean Rusk. A crise terminou quando Khrushchev capitulou e retirou os mísseis de Cuba em troca da promessa pública de Kennedy de não invadir a ilha e de um acordo secreto para retirar mísseis nucleares americanos da Turquia.

Alguns dos arquivos do Partido Comunista Soviético foram desclassificados antes da guerra na Ucrânia; outros foram discretamente desclassificados pelo Ministério da Defesa russo em Maio de 2022, no período que antecedeu o sexagésimo aniversário da crise dos mísseis cubanos. 

A decisão de divulgar esses documentos, sem edição, é apenas um dos muitos paradoxos da Rússia do Presidente Vladimir Putin, onde os arquivos estatais continuam a divulgar vastos tesouros de provas sobre o passado soviético, mesmo quando o regime reprime a liberdade de investigação e espalha propaganda histórica. Especialistas tiveram a sorte de obter esses documentos quando o fizemos; o aperto contínuo dos parafusos na Rússia provavelmente reverterá os recentes avanços na desclassificação.

Os documentos lançam uma nova luz sobre as crises mais arrepiantes da Guerra Fria, desafiando muitas suposições sobre o que motivou a operação massiva dos soviéticos em Cuba e por que razão fracassou tão espetacularmente. Numa altura de escalada das tensões com outro líder impetuoso do Kremlin, a história da crise oferece uma mensagem assustadora sobre os riscos da atitude temerária. Ilustra também até que ponto a diferença entre catástrofe e paz muitas vezes se resume não a estratégias ponderadas, mas ao puro acaso.

A evidência mostra que a ideia de Khrushchev de enviar mísseis para Cuba foi uma aposta notavelmente mal pensada, cujo sucesso dependia de uma sorte improvável. Longe de ser uma jogada de xadrez ousada motivada pela realpolitik a sangue frio, a operação soviética foi uma consequência do ressentimento de Khrushchev relativamente à assertividade dos EUA na Europa e do seu medo de que Kennedy ordenasse uma invasão de Cuba, derrubando Castro e humilhando Moscou no processo. 

E longe de ser uma demonstração impressionante da astúcia e do poder soviético, a operação foi atormentada por uma profunda falta de compreensão das condições no terreno em Cuba. O fiasco da palmeira foi apenas um dos muitos erros cometidos pelos soviéticos durante o verão e outono de 1962.

As revelações têm ressonância especial numa altura em que, mais uma vez, um líder do Kremlin está envolvido numa arriscada jogada externa, confrontando o Ocidente enquanto o espectro da guerra nuclear espreita nos bastidores. Agora, como então, a tomada de decisões na Rússia é motivada pela arrogância e por um sentimento de humilhação. Agora, como então, os altos escalões militares em Moscou mantêm-se em silêncio sobre o enorme fosso entre a operação que o líder tinha em mente e a realidade da sua implementação.

Numa sessão de perguntas e respostas que realizou em outubro/2023, Putin foi questionado sobre os paralelos entre a crise atual e aquela que Moscou enfrentou 60 anos antes. Ele respondeu enigmaticamente. “Não consigo me imaginar no papel de Khrushchev”. "Sem chance." Mas se Putin não consegue ver as semelhanças entre a situação difícil de Khrushchev e aquela que enfrenta agora na Ucrânia, então ele é verdadeiramente um historiador amador. A Rússia, ao que parece, ainda não aprendeu a lição da crise dos mísseis cubanos: que os caprichos de um governante autocrático podem levar o seu país a um beco sem saída geopolítico – e o mundo à beira da calamidade.

Em 1962, Khrushchev mudou de rumo e encontrou uma saída. Putin ainda não fez o mesmo.

25 maio 2024

Após quase 50 anos, visão/percepção do ex-presidente Geisel é confirmada

Em seu relato, durante um trecho da aula n. 37, do curso "O Brasil Redescoberto", Augusto Nunes revela os motivos que levaram o ex-presidente Ernesto Geisel, com o auxílio do general Golbery do Couto e Silva, a se precaver do que poderia ocorrer com os militares de alta patente das FFAA.

Portanto, após decorridos quase 50 anos, confirma-se que o entendimento e a visão do Geisel e do Golbery estavam corretas, depois dos fatos expostos sobre o comportamento de componentes de alta patente das FFAA, de 2022 para cá.

 

No momento atual, as "figuras" de alta patente que preencheriam a desconfiança sentida à época pelo Geisel, vieram ao conhecimento pleno da população brasileira logo após o resultado eleitoral de 2022, atingido o ápice dessa revelação com o ocorrido em 8 de janeiro de 2023 e, no dia seguinte, com a prisão das pessoas que estavam em frente ao Quartel do Exército em Brasilia. O comportamento de seus comandantes, entre outros os mostrados nas imagens abaixo, foi um desastre e uma afronta à população brasileira.

General Gustavo Henrique Dutra de Menezes

 
General Gonçalves Dias - 8/01/2023


General Tomás Ribeiro Paiva