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30 novembro 2021

CENSURA PRÉVIA GRAVÍSSIMA

Ontem (29), durante o programa "Os Pingos nos I's", do grupo de  comunicação Jovem Pan, caiu, mais uma vez, a máscara do STF.  Com todas as letras, foi revelado que o ministro Alexandre de Moraes proibiu um parlamentar, no exercício legítimo de seu mandato, de dar opinião e/ou entrevista, cujo veículo de difusão sejam as redes sociais. Ouça aqui


Vamos deixar claro. Estamos diante de censura prévia, como disse o jornalista Augusto Nunes. Proibir que alguém se expresse através das redes sociais é uma questão de menor importância. Registro digital de informações é apenas um detalhe técnico no histórico processo de evolução dos meios de comunicação entre os povos, desde os primórdios de sua existência.

Portanto, esse argumento usado como medida cautelar é apenas querer ludibriar os brasileiros, junto com todos os seus sinônimos: enganar, iludir, tapear, engodar, embair, lograr, mentir, intrujar, burlar, fraudar, trapacear, atraiçoar, trair, engambelar, empandeirar, engazupar e outros mais que certamente vários sites da internet nos fornecerão (consultei apenas um).  

29 novembro 2021

NOMES DAS VARIANTES DO SARS-CoV-2 ATRIBUÍDOS PELA OMS

Omicron versus Xi

A escolha dos nomes das variantes do SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19, utilizando letras do alfabeto grego, tem sido objeto de discussão nas redes sociais. Nos últimos dias o fato esteve nos trends topics pela não utilização das letras Nu e Xi.

Organização Mundial da Saúde (OMS) surpreendeu a comunidade científica ao batizar a variante sul-africana do coronavírus como Ômicron.

Antes da reunião que sacramentou o nome da nova cepa, na sexta-feira 26, a expectativa era que a nomenclatura seria “Nu” — seguindo a ordem que vinha sendo adotada pela entidade, tendo como base o alfabeto grego.

Depois da descoberta da Delta, três outras variantes foram classificadas como de interesse (VoI): Lambda, Épsilon e Mu. A sequência natural, portanto, seria a letra “Nu” do alfabeto grego, mas a OMS decidiu subverter a ordem. Não só a “Nu” foi “pulada”, como também a “Xi”, próxima da lista.

“‘Nu’ soa muito como a palavra ‘new’, que em inglês quer dizer ‘novo’. Os países anglófonos teriam se encontrado na situação de ouvir dois sons extremamente semelhantes em uma frase em que falava da nova variante”, explicou a porta-voz da OMS, Margaret Harris. Isso, possivelmente, causaria uma confusão — muitas pessoas poderiam imaginar que se tratava apenas de uma variante “nova” (The new Nu variant, em inglês), e não do próprio nome da cepa.

Já o uso de “Xi” foi banido justamente por ser um nome muito difundido na China — país que ocupa o centro de grandes disputas geopolíticas e está diretamente ligado à origem do coronavírus. Xi é o nome do chefe de Estado chinês, o presidente Xi Jinping. Segundo a OMS, chamar a nova variante de “Xi” poderia levar a novas reações contra o país asiático.

O modelo atual foi definido pela OMS em maio de 2021

Essa nomenclatura foi escolhida após ampla consulta e revisão dos diversos sistemas de classificação utilizados. Para fazer isso, a OMS reuniu um grupo de especialistas parceiros de todo o mundo, incluindo especialistas que fazem parte dos sistemas de nomenclatura existentes, especialistas em nomenclatura e taxonomia de vírus, cientistas e autoridades nacionais.

Uma das justificativas apresentadas é que embora tenham suas vantagens, os nomes científicos podem ser difíceis de pronunciar e lembrar e estão sujeitos à notificação incorreta. Como resultado, muitas vezes as pessoas chamam as variantes pelos locais de origem onde são detectadas, gerando estigma e discriminação. Para evitar esse cenário e simplificar as comunicações públicas, a OMS incentiva as autoridades nacionais, meios de comunicação e outros a adotarem essas novas nomenclaturas.

A OMS atribuirá nomenclaturas às variantes designadas como Variantes de Interesse (VOI) ou Variantes de Preocupação (VOC), que serão publicadas no site da Organização.

Variantes de Preocupação

Uma variante do SARS-CoV-2 que atende à definição de uma Variantes de Preocupação (veja abaixo) e, por meio de uma avaliação comparativa, demonstrou estar associada a uma ou mais das seguintes alterações em um grau de significância para a saúde pública global:

  • Aumento da transmissibilidade ou alteração prejudicial na epidemiologia da COVID-19; ou

  • Aumento da virulência ou mudança na apresentação clínica da doença; ou

  • Diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou diagnósticos, vacinas e terapias disponíveis.



Variantes de Interesse

Já a Variante de Interesse é considerada como uma variante de interesse se, em comparação com a variante original, seu genoma contiver mutações que mudem o fenótipo do vírus e se:

  • Tiver sido identificada como causadora de transmissão comunitária, de múltiplos casos ou de clusters (agrupamentos de casos) de COVID-19 ou tiver sido detectada em vários países; ou

  • Ser de outra forma avaliada como uma VOI pela OMS em consulta com o Grupo de Trabalho de Evolução do Vírus SARS-CoV-2.



Variantes sob monitoramento (VUM)

Um outro grupo sob estudos é o das variantes do SARS-CoV-2 com alterações genéticas suspeitas de afetar as características do vírus com alguma indicação de que pode representar um risco futuro, mas a evidência de impacto fenotípico ou epidemiológico não está clara no momento, exigindo monitoramento aprimorado e avaliação repetida até novas evidências.


Se você tem interesse em acompanhar o assunto, em tempo real, diretamente da fonte original, sugiro acessar o site da Organização (OMS)

PS.: Essa classificação é dinâmica, ou seja, tem mudado ao longo do tempo. Todas as letras gregas anteriores foram usadas. Os quadros/denominações  apresentados acima foram os que estavam valendo ontem (29). Ao longo do período, algumas das variantes passaram a ser EX.  Ex-VOCs / VOIs / VUMs, incluindo suas linhagens descendentes, que foram reclassificadas com base em pelo menos um dos seguintes critérios: (1) a variante não está mais circulando em níveis de significância para saúde pública global, (2) a variante está circulando por muito tempo sem qualquer impacto na situação epidemiológica geral, ou (3) evidências científicas demonstram que a variante não está associada a nenhuma propriedade preocupante. Veja a seguir um quadro com as denominações em junho. Em seguida, de hoje (30) as EX. A Epsilon, por exemplo, no momento, passou a ser EX. Você só ver isso observando o código científico. A Epsilon (B.1427/B.1.429) passou pelas seguintes classificações: VOI: 5-Mar-2021  / VUM: 6-Jul-2021 / Reclassificada: 9-Nov-2021













27 novembro 2021

O HORROR QUE NOS CERCA


Tornou-se frequente, dia sim, dia não, os brasileiros se depararem, muitas vezes até durante as madrugadas, com notícias que lhes causam forte impressão de repulsa, sentimento de nojo, acompanhadas ou não de arrepio.

A mais recente está em uma entrevista concedida ao O Globo, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, ocasião em que disse que a PEC que revoga a PEC da Bengala, a que antecipa a aposentadoria de ministros da Corte, fere a harmonia entre os Poderes. 

“Se promulgada e for comprovado o espírito de retaliação ao Supremo, a PEC que reduz a idade de aposentadoria dos ministros do STF viola a harmonia entre os poderes”, afirmou Fux.

De autoria da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), a PEC antecipa a aposentadoria dos ministros do STF de 75 para 70 anos de idade, e foi aprovada na última terça-feira na CCJ da Câmara por 35 votos a 24. 

Na tarde desta sexta-feira (26), a deputada federal Bia Kicis rebateu a declaração do presidente do STF - “Desculpe, quando foi pra aumentar a idade de aposentadoria não violava a harmonia entre os Poderes, só viola agora que quer reduzir? E desde quanto a atividade legislativa, propor e discutir projetos, tudo isso feito por Parlamentares, viola a separação dos Poderes?”, questionou a parlamentar.

Fux ao afirmar que a chamada PEC da bengala viola a harmonia entre os poderes, deixa claro o nível intolerante e a falta de tecnicidade para estar na Suprema Corte. Ora, se é privativo do poder legislativo criar e modificar leis, inclusive matéria constitucional, jamais caberá ao judiciário definir sobre quais matérias o Congresso poderá se debruçar.

25 novembro 2021

A EXTREMA-IMPRENSA BRASILEIRA TORNOU-SE UMA MÁQUINA DE DESINFORMAÇÃO


O "Padrão Globo de Jornalismo" dá mais um passo em sua caminhada para o abismo. 

Porém, provavelmente, também receberá - do Macron - a Légion d'honneur,  à exemplo de suas últimas concessões. A gota d'água que faltava para isto acontecer acabou de ser publicada.

Trata-se da matéria citada na imagem. Depois de mentir sobre Kyle Rittenhouse ter alvejado negros, insistem em tratá-lo como criminoso, mesmo depois de sua absolvição.

Já houve decisão judicial que o considerou inocente, pois agiu em legítima defesa, quando atacado por bandidos perigosos, incluindo um estuprador de crianças.

Infelizmente, o jornalismo, com raras exceções, morreu. A extrema-imprensa brasileira tornou-se uma máquina de desinformação.

Leia também: 

O CASO KYLE RITTENHOUSE E A HISTERIA DAS ELITES

PATÉTICO

Nos EUA os juízes da Suprema Corte se comportam como juízes da Suprema Corte. Só se manifestam nos autos.

Aqui no Brasil, os moraes, mendes, barrosos e toffolis da vida destroçam a reputação do STF. 

Fazem eventos online com figuras de menor importância, só para aparecerem na mídia. 

O último foi do alexandre, em um seminário com o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT-RJ), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), a cantora de esquerda Daniela Mercury e o historiador argentino Federico Finchelstein, apoiador do presidente da Argentina, Alberto Fernández, todos críticos de Bolsonaro. 

Patético.

24 novembro 2021

COMUNICAÇÃO E DEMOCRACIA: UMA NÃO SOBREVIVE SEM A OUTRA

Código de Hamurabi

Registro digital de informações é apenas um detalhe técnico no histórico processo de evolução dos meios de comunicação entre os povos, desde os primórdios de sua existência. Por exemplo, o Código de Hamurabi, o primeiro conjunto de leis escritas de que se tem notícia, foi elaborado durante o Império Babilônico, sob o governo do rei Hamurabi. Está registrado num bloco de pedras, com 2,25 metros de altura, que foi encontrado em Susa, no Irã, no início do século XX. Hoje, ele se encontra no Museu do Louvre, em Paris, França.

Relevo representando a democracia 
coroando o povo de Atenas, 337 a.C

Também não é recente a criação da democracia, em Atenas, na Grécia. O termo é derivado das palavras Demos e Cratos que significam povo e poder, respectivamente.  Portanto, para os gregos, a democracia era traduzida como "o governo do povo". Ser cidadão na Atenas do século VI a.C significava que tinha o direito - e o dever - de participar das decisões políticas do local, ocupando cargos públicos ou expressando suas opiniões, em qualquer meio de comunicação, sobre problemas coletivos.

Comunicação e democracia, portanto, sempre estiveram juntas ao longo da história, e uma não sobrevive sem a outra. Os acontecimentos no mundo atestam essa afirmação 

No momento atual, a bola da vez na área de comunicação recebeu a denominação de redes sociais. Porém, no caso da democracia não há uma nova denominação. Quando ela não existe o povo do respectivo país se encontra sob a velha denominação chamada de ditadura, qualificada com qualquer uma das seguintes denominações, isoladas, ou não, que a ela se junte, tais como: ditadura judicial, ditadura do narcotráfico, ditadura do proletariado, ditadura terrorista, etc, etc.

Nesse sentido, no Brasil, a livre utilização das redes sociais deixou de existir após os perdedores da eleição presidencial de 2018 não aceitarem o seu resultado. Nelas foram tentar justificar o seu uso como o causador da derrota que sofreram, ao mesmo tempo em que deixaram de reconhecer a livre vontade do povo, expressa democraticamente pelo voto popular, que somaram 58 milhões de votos, aproximadamente.

Passados três anos de sua realização, vemos um dos líderes desse grupo perdedor, em tour pela Europa, afirmar: 

"Nós vamos ter que regulamentar as redes sociais, nós vamos ter que regulamentar a Internet, nós vamos ter que colocar um parâmetro ... a democracia está em risco", afirmou o petista Lula da Silva.

Concomitantemente com a afirmação acima, ouvimos de outro participante desse mesmo grupo, também presente na Europa, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, o seguinte:

"Nós já temos um semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal."

Aos fatos

A lei diz que não pode haver presos políticos no Brasil; há presos políticos no Brasil. A lei garante a liberdade de expressão; as pessoas são punidas por expressarem suas opiniões, inclusive nas redes sociais. Investigam-se, julgam-se e punem-se crimes que não existem no Código Penal Brasileiro, como o de “desinformação”, ou o de fake news. Não há mais independência de Poderes; o Congresso e o Executivo nunca sabem se as suas decisões vão valer ou não.

Last but not least, em que sistema de governo estamos mesmo vivendo? Com certeza, não é o que foi criado em Atenas.


20 novembro 2021

LULA VOLTOU A AFIRMAR A NECESSIDADE DE SE REGULAR AS REDES SOCIAIS E A INTERNET


Lula não quer admitir, não quer ouvir as verdades que as pessoas falam sobre ele

Em seu tour pela Europa, Lula voltou a afirmar a necessidade de se regular as redes sociais e a Internet.

"Nós vamos ter que regulamentar as redes sociais, nós vamos ter que regulamentar a Internet, nós vamos ter que colocar um parâmetro ... a democracia está em risco", afirmou o petista.


Segundo Lula, "a democracia só será possível com o controle do Estado". Lula deseja um jornal com redação única e ele na cadeira de redator-chefe e nenhum outro veículo em circulação, tal como acontece em Cuba com o seu Granma, ou com o Pravda na Rússia. 

Fiel ao desejo de ditadores, como aqueles encontrados em Cuba, China, Coreia do Norte e similares, Lula reza pela mesma cartilha.

Contudo, Lula não poderá resistir à verdade e à liberdade. Ambas prevalecerão e serão vitoriosas.


19 novembro 2021

EXTRADIÇÃO, CENSURA E AUTOCENSURA

Extradição do Allan dos Santos

Pelas informações disponíveis, até o momento, a extradição do jornalista Allan dos Santos será negada. As razões são bastante simples. Os EUA não são a Venezuela, Cuba, China ou outro país similar. Nos EUA, a justiça não está submetida aos ditadores de plantão. Ao contrário, mantém sua independência entre os poderes e, para o caso do Allan, seguirá os parâmetros definidos pelo direito internacional.

Nesse contexto, portanto, os EUA jamais irão reconhecer esse pedido de extradição - ou de qualquer outro país - quando se constata que na origem do pedido não há um devido processo legal, ampla defesa e, principalmente, se o ato imputado não for crime, no caso o Allan é acusado por crimes de opinião”. 

No direito internacional, a extradição também pode ser negada, entre outras razões, se o pedido for por motivos políticas e/ou parcialidade da autoridade que pede a extradição, como também parece ser o caso do Allan dos Santos.

Assim, o pedido de prisão e extradição feito pelo ministro Alexandre de Moraes se somou a mais um vexame para o Brasil perante o mundo, dentre vários outros similares que têm ocorrido ultimamente.

Censura e autocensura

A propósito da credibilidade do STF, reproduzo abaixo trechos do que escreveu o Dr. Carlos Alberto Di Franco, em seu artigo, "STFCensura e autocensura"


"Não me canso de reafirmar meu respeito ao Supremo Tribunal Federal (STF) enquanto instituição essencial da República. No entanto, as instituições não são abstrações. Encarnam-se nas pessoas concretas que a compõem. A credibilidade da Corte depende, e muito, das atitudes dos seus integrantes. É a base da legitimidade. Perdida a credibilidade, queiramos ou não, abre-se o perigoso atalho para o questionamento da legitimidade. 

O STF, infelizmente, não tem contribuído para fortalecer a sua credibilidade. É hoje, lamentavelmente, uma das instituições com maior rejeição. E isso é um grave risco para a democracia.
.... 
O último solavanco institucional, forte e surpreendente, foi motivado por uma ameaça feita pelo ministro Alexandre de Moraes. Apesar de sua boa formação jurídica, Moraes tem manifestado uma impulsividade autoritária que conspira contra a serenidade que se espera da Corte Suprema.
...
Alexandre Moraes, em que pese meu respeito por sua pessoa e pelo cargo que ocupa, é, hoje, um dos ministros cujas ações mais têm contribuído para corroer as liberdades democráticas no Brasil, graças à sua condução dos abusivos inquéritos das fake news, dos atos antidemocráticos e das “milícias digitais”. O verdadeiro problema, que está implícito nas falas de Alexandre de Moraes, é que o Judiciário parece disposto a se tornar o que não pode ser: árbitro do que é manifestação de opinião ou do que é fake news.
...
Em um país onde já se instaurou, na prática, a existência do “crime de opinião”, no qual a perseguição ocorre sob o aplauso de parte da sociedade e de intelectuais e jornalistas, e em que repressão se dá apenas contra um lado, a carta branca para a Justiça Eleitoral agir como promete Alexandre de Moraes será uma ameaça à democracia muito maior que aquela que o ministro diz querer combater. Na prática, a censura e a autocensura, fruto do medo da retaliação, já são tristes realidades. E exigem firme condenação."

Ainda sobre esse artigo, recomendo aos leitores deste post ouvirem, no Youtube, o que disse o jornalista Augusto Nunes. Cliquem aqui https://youtu.be/qW1Pyq25tio 

18 novembro 2021

NADA É TÃO RUIM QUE NÃO POSSA PIORAR

No último final de semana (12 nov), o jornalista J. R. Guzzo publicou um artigo na Revista Oeste, com o seguinte título: QUEM GOVERNA ESTA DROGA? Não há mais uma Constituição em vigor; ela é desrespeitada, caso após caso, pelo STF. Nele Guzzo afirma: 

... no Brasil de hoje não existe governo nenhum no alto da árvore. Quem tem a obrigação legal, política e moral de governar não está governando — ou, muito pior ainda, um dos Três Poderes está impedindo ativamente os outros dois de governarem, com a ilusão de que governa tudo; no fim das contas, acaba sem governar nada, pois o que governa é apenas a desordem. Não há mais uma Constituição em vigor; ela é desrespeitada, caso após caso, pelo Supremo Tribunal Federal. Não há segurança jurídica, pois cidadãos e empresas não sabem, simplesmente, se a lei de hoje é a mesma de ontem, e se vai estar valendo amanhã. Ninguém sabe, também, se quando o Congresso aprova algum projeto é à ganha ou é à brinca. Juízes, procuradores e outros barões da Justiça, que dão a si próprios salários de R$ 80.000 por mês, ou mais, paralisam quando bem entendem a administração pública. Decisões econômicas cruciais não podem ser tomadas. A lei diz que não pode haver presos políticos no Brasil; há presos políticos no Brasil. A lei garante a liberdade de expressão; as pessoas são punidas por expressarem suas opiniões. Investigam-se, julgam-se e punem-se crimes que não existem no Código Penal Brasileiro, como o de “desinformação”, ou o de fake news. Não há mais independência de Poderes; o Congresso e o Executivo nunca sabem, nunca mesmo, se as suas decisões vão valer ou não. Se isso não é desordem, então o que é?

Apenas quatro dias depois (16 nov), o ministro Dias Toffoli, durante um evento realizado em Lisboa, nos fez relembrar uma das dez Leis de Murphy (formuladas em 1949, pelo engenheiro do programa espacial americano, Edward Aloysius Murphy), especificamente aquela que diz "Nada é tão ruim que não possa piorar". 

Em Lisboa Toffoli afirmou: "Nós já temos um semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal."

Ou seja, de uma só tacada, Toffoli "Matou a cobra e mostrou o pau". 

Agora à noite tomamos conhecimento de mais um artigo do Guzzo. Segue um dos trechos:

"Toffoli, o único ministro do STF a ser reprovado duas vezes seguidas no concurso para juiz de Direito, também informou que o Brasil é um país “difícil de governar” — motivo, pelo que deu para entender, para a adoção desta novíssima forma de governo. Falou também sobre a “centralidade” do Congresso e o seu papel. Segundo ele, o Congresso reflete “os consensos das elites regionais” — e o STF é o “fiador” disso. Fiador das elites regionais? Por esta o Supremo certamente não esperava", disse Guzzo no artigo publicado no Estado de S. Paulo, neste 17/nov, sob o título: Toffoli e o Poder Moderador que não existe.

14 novembro 2021

ARGENTINOS JÁ RECONHECEM QUE HÁ DOIS ANOS PULARAM NO ABISMO

Resultado parcial indica derrota de Fernández nas eleições legislativas argentinas.  Em pronunciamento gravado, presidente pede diálogo

Com 99% dos votos apurados nas eleições legislativas deste domingo, na Argentina, as quais se destinaram a renovar a metade dos parlamentares da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, o governo de Alberto Fernández, de centro-esquerda, em aliança com a ex-presidente Cristina Kirchner, sofreu dura derrota da oposição liderada pelo ex-presidente conservador Mauricio Macri.

Até esse momento, a coalizão Juntos pela Mudança, liderada por Macri, aparecia somando 42,63% dos votos, contra 33,17% da coligação de Fernández, e a eleição registrou 71% de comparecimento às urnas, percentual maior que nas primárias de setembro.

Maurício Macri estabeleceu relações de amizade com o presidente Jair Bolsonaro, o que levou o governo esquerdista da Argentina, agora derrotado, a criar embaraços às elações diplomáticas e comerciais entre s dois países.

Derrota histórica

Com isso, a expectativa é que o governo perderá a maioria no Senado e, pela primeira vez, desde 1983, o peronismo terá de fazer alianças para aprovar leis do seu interesse. 

Macri considera que “esses próximos dois anos serão difíceis” e, já certo da vitória, garantiu que sua coalizão “atuará com muita responsabilidade, ajudando para que a transição seja a mais ordenada possível”.

13 novembro 2021

UM DEPUTADO É O ALVO PREDILETO DO CARCEREIRO FORA DA LEI


Deputado federal Daniel Silveira | Foto: Michel Jesus





É o título do irretocável artigo que reproduzo a seguir, escrito pelo jornalista Augusto Nunes, na Revista Oeste deste final de semana.

De maneira ímpar, o Augusto nos mostra o funcionamento atual da principal Casa da Justiça de nossa Nação, especialmente, sobre os delírios do ministro Alexandre de Moraes. Uma decepção para os brasileiros e para o Brasil perante o mundo.

E nos diz ainda que:  "pelo desempenho do elenco instalado em nossa Suprema Corte, pode estar em gestação um clássico do faroeste à brasileira, que sempre termina com o triunfo dos bandidos. No filme (Sete Homens e um Destino), de 1960, a vitória do personagem interpretado por Yul Brynner livra os habitantes indefesos da submissão a uma quadrilha. Na versão protagonizada pelo Chris Adams de toga, graças às proezas dos sete cavaleiros do Apocalipse brasileiro, o bandido Calvera pode virar xerife do vilarejo".

Boa leitura.


UM DEPUTADO É O ALVO PREDILETO DO CARCEREIRO FORA DA LEI

Alexandre de Moraes inventou o perseguido político meio preso e meio solto 





Por Augusto Nunes
REVISTA OESTE EDIÇÃO 86 - 12 NOV 202


O general argentino Leopoldo Galtieri
e o ator americano George C. Scott
Fotos: Divulgação

É improvável que a Guerra das Malvinas tivesse acontecido se o general Leopoldo Galtieri, ditador da Argentina, não fosse tão parecido fisicamente com o ator George C. Scott, que interpretou no cinema a figura do general George Patton, que fez bonito na Segunda Guerra Mundial. Em 2 de abril de 1982, o tirano portenho exagerou no uísque, meteu na cabeça que era uma reencarnação do militar americano, decidiu que chegara a hora de retomar da Inglaterra o arquipélago que só o país vizinho chama de Malvinas e ordenou a invasão das ilhas que o resto do mundo chama de Falkland. A Marinha britânica topou o desafio, atravessou o oceano com um filho da rainha Elizabeth na nau capitânia e liquidou a pendência a tiros de canhão. Galtieri rendeu-se em 14 de junho, renunciou ao poder quatro dias depois e sumiu na poeira da História até morrer, em 2002. Confundir o intérprete com o personagem é um perigo.

Alexandre de Moraes e o ator russo Yul Brynner
Fotos: Divulgação

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, acha-se parecido com o ator Yul Brynner, que em 1960 fez bonito no papel do pistoleiro do bem Chris Adams em Sete Homens e um Destino. (O título original é ainda mais excitante: The Magnificent Seven. A tradução literal resultaria em algo como Os Sete Magníficos, Os Sete Gloriosos, Os Sete Soberbos ou Os Sete Grandiosos. Não é pouca coisa.) O protagonista, vivido por Brynner, é contratado por moradores de um lugarejo na fronteira com o México, atormentados pela opressão da quadrilha chefiada pelo brutal Calvera, e cumpre a missão de libertá-los da rotina de violências liderando outros seis anti-heróis. Pelo que anda fazendo, Moraes também parece enxergar no espelho não um sósia de Yul Brynner, mas um Chris Adams de toga.

Os acordes da lira do delírio que já há alguns anos ditam o ritmo da trilha sonora do STF se tornaram especialmente agudos quando Dias Toffoli, então presidente da Corte, promoveu Moraes a gerente do inverossímil inquérito das fake news. Impetuoso como um Leopoldo Galtieri à paisana, o ministro fez da maluquice conhecida como “inquérito do fim do mundo” a arma mais letal na guerra contra solertes inimigos do STF, das instituições e da democracia. Na fase de aquecimento, o juiz durão pendurou no peito uma imaginária estrela de xerife para censurar revistas digitais, intimar meia dúzia de possíveis admiradores de ditaduras e colocar na alça de mira sites infectados por ideias caras ao presidente Jair Bolsonaro. No passo seguinte, Moraes procurou inibir com arbitrárias temporadas na cadeia quem usa a internet para criticar o Supremo. No começo deste ano, acumulando os papéis de vítima, investigador, acusador e juiz de todos os processos que tratem de fake news, a versão nativa de Chris Adams enfim encontrou seu Calvera na figura de Daniel Silveira, eleito deputado federal em 2018 pelo PSL do Rio de Janeiro.

O mais imbecil dos alunos da pior faculdade de Direito do Brasil sabe recitá-la em latim, vertê-la para o português e apreender o significado da frase que resume um irrevogável mandamento jurídico: Nullum crimen nulla poena sine praevia lege. Perfeito: “Não há crime nem pena sem lei anterior que o defina”. O gordo currículo de Alexandre de Moraes avisa que o futuro jurista deve ter declamado esse latinório dois minutos depois de aprender a falar. O autor de uma pilha de livros sobre temas associados ao Direito Constitucional está cansado de saber que um “mandado de prisão em flagrante”, como o que expediu para engaiolar Silveira, tem o mesmo valor de uma cédula de R$ 4. Sabe que o instituto da imunidade parlamentar impede que um integrante do Congresso seja punido por palavras que pronunciou ou escreveu, opiniões que emitiu ou votos que efetivaram alguma opção. Sabe que a proibição de ser juiz em casos em que se é vítima é um dos pilares do Poder Judiciário. Mas Moraes também sabe que, no Brasil destes tempos estranhos, ministros do Supremo são tão inimputáveis quanto os bebês de colo, os índios de tribos isoladas ou os Napoleões de hospício.

Aos olhos das autoridades americanas, o jornalista apenas exerceu o direito à liberdade de expressão

Disposto a tudo para mostrar quem manda no País do Carnaval, o ministro resolveu que a melhor maneira de manter a democracia intocada era mandar às favas o Estado Democrático de Direito. Inventou o flagrante perpétuo, demitiu por justa causa a imunidade parlamentar, exonerou princípios jurídicos seculares, atropelou cláusulas pétreas da Constituição e, com a insolência de um fora da lei de nascença, deformou o Código Penal e o Código de Processo Penal com interpretações paridas às pressas. Ao concluir as manobras que resultaram no encarceramento de Daniel Silveira, Moraes havia ressuscitado a figura do preso político, incompatível com o regime que simultaneamente louva e espanca. Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica contemplado com o Prêmio Nobel da Paz, ensina que “não existem presos políticos nas democracias. Se houver algum, o país não é democrático”. Na América Latina, só há presos políticos em Cuba, na Venezuela, na Nicarágua e, graças ao STF, no Brasil.

No momento, permanecem ilegalmente na cadeia o ex-deputado Roberto Jefferson e o caminhoneiro Zé Trovão. O jornalista Allan dos Santos teria engordado a lista se não estivesse vivendo nos Estados Unidos. Para abrandar a frustração, o carcereiro compulsivo transformou Allan em foragido, determinou sua inclusão nos cartazes da Interpol e solicitou à Justiça americana que o extraditasse. Só então descobriu que o tratado subscrito pelo Brasil e pelos Estados Unidos restringe a extradição a autores de atos considerados criminosos por ambos os países. Aos olhos das autoridades americanas, o jornalista apenas exerceu o direito à liberdade de expressão. Se o caso chegasse à Corte Suprema dos EUA, Alexandre de Moraes é que viraria réu por abuso de autoridade. E acabaria enquadrado nos artigos que tratam de juízes que perseguem e punem — sem a indispensável participação do Ministério Público, sem o acesso dos advogados aos autos, sem o devido processo legal, sem o direito de ampla defesa — quem ousar dizer ou escrever coisas que pareçam ofensivas a algum titular do Timão da Toga ou à equipe inteira.

No começo desta semana, ao decretar o fim da “prisão preventiva” de Daniel Silveira, o ministro deixou claro que é ele o seu perseguido predileto. Se fosse assaltado por um surto de humildade, reproduziria a grande imagem de Nelson Rodrigues: sentado no meio-fio, estaria chorando lágrimas de esguicho e pedindo perdão aos transeuntes. Se não fosse um prepotente de berço, ele simplesmente determinaria a soltura do deputado — e ponto final. Em vez disso, mostrou que nunca perde a chance de afrontar a sensatez, zombar dos genuínos juristas e esticar as filas que se estenderão, no próximo Carnaval, diante das barracas abarrotadas de máscaras que simularão a carranca do campeão de impopularidade. “Os atos criminosos cometidos pelo réu são gravíssimos”, reiterou Moraes, “e ainda serão julgados pelo plenário do STF.”

Tais atos, fantasiou, “não só atingiram a honorabilidade e constituíram ameaça ilegal à segurança dos ministros do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, como se revestiram de claro intuito de tentar impedir o exercício da judicatura, notadamente a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado Democrático de Direito, em claro descompasso com o postulado da liberdade de expressão, dado que o denunciado propagou a adoção de medidas antidemocráticas contra a CORTE, insistiu em discurso de ódio e a favor do AI-5 e de medidas antidemocráticas”. O falatório pernóstico não resiste a três ou quatro perguntas em língua de gente. Por exemplo: se os exageros verbais de Silveira foram “crimes gravíssimos”, em qual categoria figuram as medonhas execuções perpetradas por bandidos que o Supremo vive soltando? Onde o ministro enxergou a iminente interrupção do funcionamento do Judiciário? Em que trecho de qual código está escrito que ameaças não consumadas dão cadeia? Se sentir saudade do AI-5 é caso de polícia, que castigos merecem os que amam a ditadura do proletariado?

A continuação da conversa fiada ressalvou que a soltura chegaria escoltada por duas “medidas cautelares”, e com isso Moraes conseguiu inventar uma brasileiríssima cretinice: o meio solto e meio preso. O deputado poderá sair de casa, tomar café no bar da esquina, engraxar os sapatos, até mesmo bronzear-se na praia, tudo isso liberado da tornozeleira eletrônica. É provável que logo esteja percorrendo os corredores da Câmara (que endossou sua prisão por 364 votos contra 130) e concedendo entrevistas. Mas não poderá fazer tudo o que é permitido aos demais beneficiários do direito de ir e vir. A primeira restrição o proíbe de “ter qualquer forma de acesso ou contato” com outros investigados no inquérito do fim do mundo, a menos que também sejam deputados federais. A segunda medida cautelar é um desfile de minúcias amalucadas. O meio preso e meio solto está proibido de “frequentar toda e qualquer rede social, em nome próprio ou ainda por intermédio de sua assessoria de imprensa ou de comunicação e de qualquer outra pessoa, física ou jurídica, que fale ou se expresse e se comunique (mesmo com o uso de símbolos, sinais e fotografias), em seu nome ou indiretamente, de modo a dar a entender esteja falando em seu nome ou com o seu conhecimento, mesmo tácito”.

Proibir o acesso de um deputado federal a redes sociais equivale a condená-lo à derrota na tentativa de reeleger-se. É precisamente esse o objetivo do advogado formado pela Faculdade do Largo de São Francisco que foi promotor público, procurador-geral do Estado, supersecretário na administração do prefeito Gilberto Kassab, secretário de Justiça e depois da Segurança Pública em dois mandatos do governador Geraldo Alckmin e já parecia a caminho da precoce aposentadoria política quando o destino se somou à sorte e à esperteza para colocá-lo na antessala de um gabinete no Supremo Tribunal Federal — o sonho perseguido desde o berçário. Ele era secretário de Segurança do governo paulista quando comandou com a discrição necessária a localização e captura do hacker que invadira o celular de Marcela Temer, mulher de Michel Temer. A gentileza seria retribuída depois que o impeachment da presidente Dilma Rousseff instalou no Palácio do Planalto o marido agradecido. Promovido a ministro da Justiça, acabou transferido para o outro lado da Praça dos Três Poderes graças à vaga aberta pela morte de Teori Zavaschi.

Para surpresa do doutor em Direito Constitucional Alexandre de Moraes, o político Alexandre de Moraes topou virar juiz do STF antes que Temer terminasse de formular o convite. Na tese que apresentou ao concluir o curso de doutorado na Universidade de São Paulo, o atual ministro sustentou que deveria ser abolida a indicação para o Pretório Excelso de quem ocupa um cargo de confiança do presidente da República. “A vaga na Corte não se presta a demonstrações de gratidão política, nem pode servir de prêmio pessoal para demonstrações de fidelidade político-partidária”, argumentou o premiado pela fidelidade a Michel Temer. Se o Moraes de toga tivesse compromisso com o que escreveu no século passado o Moraes de terno, não teria concordado com a transformação do STF num simulacro de vara criminal que julga questões sem quaisquer vestígios de parentesco com as reais atribuições da Corte. No livro Constituição do Brasil Interpretada, o futuro carcereiro supremo afirmou que o STF deveria ser “um tribunal exclusivamente constitucional, deixando de atuar como última instância em causas variadas”. Se ainda pensasse como o homônimo que existiu no século 20, não estaria piorando a imagem da Corte com o caso Daniel Silveira. (E tampouco teria determinado, como fez há dias, o afastamento da presidência nacional do PTB do ex-deputado federal Roberto Jefferson, outro hóspede involuntário do seu cativeiro particular.)

Nosso Chris Adams de chanchada cavalga rumo ao destino em companhia de cinco homens (Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin) e uma mulher (Cármen Lúcia, que se reveza com Rosa Weber). Pelo desempenho do elenco, pode estar em gestação um clássico do faroeste à brasileira, que sempre termina com o triunfo dos bandidos. No filme de 1960, a vitória do personagem interpretado por Yul Brynner livra os habitantes indefesos da submissão a uma quadrilha. Na versão protagonizada pelo Chris Adams de toga, graças às proezas dos sete cavaleiros do Apocalipse brasileiro, o bandido Calvera pode virar xerife do vilarejo.


Com reportagem de Cristyan Costa.

12 novembro 2021

A INFLAÇÃO NO MUNDO

Os preços nos EUA dispararam para o nível mais alto em 3 décadas, sua inflação subiu 5x, na Zona do Euro saiu de negativo, e no Brasil só subiu 2,5x.

Em entrevista à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC), Elijah Oliveros-Rosen, economista sênior da consultoria S&P Global Ratings, afirmou que o salto inflacionário "foi influenciado pelos preços dos produtos de energia", bem como pelos gargalos no fluxo global de produtos, aumento das commodities e o alto custo de moradia. "Os preços da energia devem continuar subindo nos próximos meses, mas, ao mesmo tempo, o impacto dos gargalos nas cadeias de abastecimento deve diminuir", acrescentou.

EUA

Michael Pearce, economista da consultoria Capital Economics, apontou que esse aumento de inflação no EUA se deve também a escassez de trabalhadores, situação que tem feito subir, entre 4% e 5%, os salários em alguns setores da economia, levando empresas a repassarem essa alta do custo para os produtos comercializados.

grande renúncia

Um dos fatores apontado para a escassez de trabalhadores é que os americanos estão deixando seus empregos a uma taxa recorde que atingiu 4,3 milhões de pessoas em agosto, quase 3% da força de trabalho. É um fenômeno conhecido como a "grande renúncia", outra das consequências econômicas deixada pela pandemia. O termo foi cunhado pelo professor de administração Anthony Klotz, da Texas A&M University. 

No médio e longo prazos ainda não é possível afirmar ao certo qual o saldo desse movimento e seus impactos na economia, ou como esse comportamento moldará as relações de trabalho. Mas no curto prazo alguns sinais já estão claros. 

Nos EUA, embora US$ 7,25 seja ainda o salário mínimo federal, em alguns  setores, especialmente em indústrias de serviços, incluindo restaurantes, varejo e viagens, o salário mínimo de US$ 15 a hora está virando a norma na prática. Um exemplo é a Amazon que recentemente elevou o salário inicial em suas unidades para US$ 18 a hora. Isso poderá forçar outras companhias a oferecerem valores iguais ou superiores na busca por uma vantagem competitiva na negociação com a força de trabalho.

Brasil

Autor desconhecido



10 novembro 2021

E AGORA, MORO JOSÉ?

Sergio Moro discursou por quase uma hora, hoje pela manhã, por ocasião de sua filiação ao partido Podemos e o seu desejo de se candidatar a Presidente da República nas próximas eleições.

Agora há pouco, Moro publicou em seu Twitter a mensagem ao lado, na qual afirma que seria até um Davi contra Golias em uma luta pelo Brasil.

Ora, a verdade é que falta muita coragem para tal luta. Por exemplo, não deu para deixar de se notar em seu discurso a ausência de referências ao STF. Moro não fez qualquer menção àqueles que, hoje, compõem um importante grupo político e que, embriagados de poder, não têm pudor algum em legislar e interferir no Executivo, como o ator principal da ditadura judicial hoje vigente no País e que anulou todas as suas decisões na Lava Jato por considerá-lo suspeito.

Moro novamente falhou

O ex-juiz fez promessas para implementação de uma educação de qualidade, com base em “inovação” e “sociedade inclusiva” e, ao falar sobre economia, demonstrou uma profunda ignorância quanto às leis que regem o livre mercado. Até mesmo quando falou sobre acabar com o Foro Privilegiado, inclusive para Presidente da República, Moro errou.

O Super Moro também falou sobre pobreza, saúde pública, meio ambiente, estradas esburacadas, juros e corrupção – não há área de atuação para a qual Moro não tenha uma solução rápida, simples e eficiente. 

Já no finalzinho do seu discurso falou: “Eu sempre vou fazer a coisa certa”. 

Não acredito, digo eu. Não há lastro em seu discurso ou em outras variáveis que atestem isso. Faço, portanto, a opção por um anônimo que escreveu o seguinte poema:

Uma Lágrima por Moro (na companhia de Drummond)

AUTOR: anônimo 

E agora, José?  

A festa acabou, 
a luz apagou, 
o povo sumiu. 
A toga rasgou, 
você não é mais juiz, 
nem ministério você tem. 

E agora? 

Você que era gigante, 
amado do povo, 
admirado pelo mundo.

E agora, José Moro?

Andavas na rua, 
era abraçado, 
selfies a mil.

Era celebridade, 
sujeito ilustre, 
um dignitário. 

E agora?

A fama acabou, 
o dinheiro entrou(?), 
mas a honra se foi. 

Virou  um bordão, 
na moral um anão, 
agora está só. 

O povo lhe amava, 
ao vê-lo chorava, 
gritava Môôro. 

Agora acabou, 
você faleceu, 
um judas nasceu, 
a honra se foi. 

E agora, José?

Sem a luz do palco, 
sem o brilho de outrora, 
o que vai fazer?

A esquerda lhe odeia, 
a direita lhe despreza, 
pra onde fugir? 

Você tinha gloria, 
cargo e fama, 
mas virou um traíra. 

Por quê você fez isso, 
tomou alguma, 
ou cheirou o que não devia?

Você era herói, 
agora nos dói vê-lo contando lorotas, 
fazendo fofocas, 
perdido pela ambição.

Você tinha tudo, 
era sortudo, 
o nosso guerreiro.

Mas em plena pandemia, 
união se pedia, 
e olha o que você fez?

A mosca azul lhe infectou, 
ou virou  um robô, 
pra Globo e pro Dória? 

Pobre de você,
Moro José, você acabou.

É coisa pra chorar,
mas somente uma lágrima vou deixar, 
sobre seu caixão moral.

Que pena, Moro. 

Nós brasileiros vestimos nosso herói, 
mas ao acordarmos vimos que o nosso rei estava nu. 

E agora, Moro?

Você não traiu Bolsonaro e o Brasil. 
Você traiu a si próprio, 
você se matou. 

Que pena, Moro! 

E agora, Moro José?