Há uma discussão inócua sobre a redução de investimentos nos cursos vinculados as ciências humanas e sociais após pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, em sua live, divulgada nas redes sociais e em outros meios de comunicação.
O contexto na ocasião era o econômico e de definição de prioridades para o País, ou pela falta de recursos mesmo, e neste quadro o curso de Filosofia não é prioritário em nenhum lugar do mundo. No Brasil são 8 milhões de estudantes (40 por mil habitantes), 1 milhão dos quais em universidades públicas, gratuitas, e 7 milhões em universidades privadas, que cobram mensalidades. O sistema de universidades públicas (são 78 hoje), consomem quase todo o orçamento do Ministério da Educação, de cerca de R$ 100 bilhões por ano. Nas universidades federais o custo médio por aluno é de cerca de R$ 27 mil, mas existem variações enormes entre elas. Na Universidade Federal do Amapá o custo é de cerca de R$ 14 mil reais e na Universidade Federal do Rio de Janeiro, R$ 70 mil por aluno. Obviamente, é necessário um esforço de racionalização, que caberia aos reitores dessas universidades liderar.
Não foi a primeira vez que isto ocorreu no Brasil. O Programa Ciência sem Fronteiras, criado em 2011, também não incluiu as áreas sociais. O projeto previa a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação fizessem estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação.
Sob o ângulo de setores econômicos propriamente ditos, o Brasil já fez algo parecido, estabelecendo prioridade na educação profissional com perfil atrelado a um determinado setor econômico.
Isso ocorreu quando se criou a Embrapa, no início dos anos 70, e priorizou-se a formação de profissionais de alto nível para o seu quadro de colaboradores. Hoje, os resultados do agronegócio comprovam o acerto daquela tomada de decisão.
Em termos financeiros, por exemplo, só a matemática pode somar R$ 1trilhão por ano a nossa economia. A produtividade das profissões matematizadas em países desenvolvidos alcança a marca de 47,20 euros/hora.
Sob o ângulo de setores econômicos propriamente ditos, o Brasil já fez algo parecido, estabelecendo prioridade na educação profissional com perfil atrelado a um determinado setor econômico.
Isso ocorreu quando se criou a Embrapa, no início dos anos 70, e priorizou-se a formação de profissionais de alto nível para o seu quadro de colaboradores. Hoje, os resultados do agronegócio comprovam o acerto daquela tomada de decisão.
Em termos financeiros, por exemplo, só a matemática pode somar R$ 1trilhão por ano a nossa economia. A produtividade das profissões matematizadas em países desenvolvidos alcança a marca de 47,20 euros/hora.
Há uma relação direta entre níveis educacionais, níveis de escolaridade e produtividade de um país. Até oito anos de escolaridade, há um crescimento da produtividade muito pequeno, quase que marginal. A partir dos oito anos de escolaridade, o crescimento da produtividade passa a ser exponencial, e isto começa a acontecer a partir do ensino médio seguido do ensino superior.
No mundo, um bom exemplo nesse sentido está na Coreia do Sul. Veja abaixo o que aconteceu por lá nos últimos 50 anos.
- Em 1960 a renda per capita da Coreia do Sul era a metade da do Brasil.
- Em 1970 eram parecidas.
- Hoje na Coréia ela é três vezes maior do que a do Brasil.
- A virada em 50 anos: Educação, educação, educação.
- A Coreia investiu no ensino básico público, de qualidade e acessível a todos.
- A Coreia gasta seis vezes mais do que o Brasil no ensino de nível médio.
- Na Coréia, um professor do ensino médio ganha o dobro do salário médio dos coreanos. No Brasil, não chega nem na média.
- A Coreia do Sul é o país com o percentual mais alto de jovens na universidade, mais de 70%, contra apenas 13% no Brasil.
- A Coreia forma oito vezes mais engenheiros do que nós. Com um detalhe, a Coreia gasta menos com o estudante universitário do que o Brasil e forma 4 vezes mais PhDs do que o nosso País.
Toda a Ásia seguiu o mesmo caminho. Educação, educação, educação. Hoje, a renda média de um asiático está a poucos anos de equiparar-se à de um sul-americano. Há 38 anos, a primeira era 1/4 da segunda.
Há 29 anos o PIB brasileiro era superior ao da China em US$ 102 bilhões (462 x 360). Ao longo desse período, vimos aquele país nos igualar e, rapidamente, nos ultrapassar, tornando-se a segunda economia mundial no momento atual. Se, pelo menos, tivéssemos acompanhado a média do crescimento global, o nosso PIB seria 76% maior do que o valor atual.
No que diz respeito à renda per capita, o Brasil ocupa a 75ª posição no mundo, segundo os dados do FMI e do Banco Mundial. Somos um país de renda média e também um dos mais desiguais. Não temos avançado. Somos 20% da renda per capita dos EUA desde 1960.
O Chile, seguindo os asiáticos, destoa dos demais países da nossa região e deve sagrar-se o primeiro sul-americano desenvolvido na próxima década.
Revisado em 29/04/2019.
Perfeito.
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