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10 fevereiro 2020

BRASÍLIA ESTÁ SUPERPOVOADA

Brasília está superpovoada. Mas outra coisa a habita: os parasitas. Não daqueles aos quais o Ministro Paulo Guedes se referiu recentemente durante evento no Rio de Janeiro, que não o são nem na Capital Federal nem no Brasil. Mas sim de grupos e/ou classes (que o Ministro sabe exatamente quais são mas não quis dizer) que devoram as vísceras não só de Brasília mas que se alimentam também do Brasil, consumindo suas entranhas e regurgitando o que sobra para o povo. Os custos de funcionamento do Congresso Nacional, das demais casas parlamentares e dos tribunais de nosso País falam por si só. A esses custos, somam-se aqueles provenientes do desvio de recursos em atos de corrupção, como os mostrados pela Lava Jato  que explicitou as faces daqueles mais perigosos.

Conferir os benefícios de inativos alcançados por políticos, ministros, juízes e outros integrantes das altas cúpulas do Estado, de tão diferenciados para cima, é um exercício de humilhação para o cidadão comum e uma certeza de que a desigualdade e a concentração de renda são características históricas que herdamos e que se estendem por toda a vida. “Leis em favor dos reis se estabelecem; em favor do povo, só perecem”, já afirmava, há mais de cinco séculos, o maior poeta da nossa língua, Luís de Camões (1524-1580). Pela decisão do STF, semana passada, de acabar com a reaposentação e, anteriormente, com a desaposentação, mostra que o presente é, entre nós, uma extensão natural do passado. 

A bem da verdade, o termo inativo serviria apenas para a grande maioria de aposentados deste país, que, por seus proventos minguados, se transformam em brasileiros inativados para a vida, incapazes de sobreviver com dignidade, desligados das benesses que teriam direito ao fim de décadas de labuta e tornados, por força das cruéis circunstâncias atuais, em cidadãos de terceira classe e, como tal, um estorvo para o sistema moedor de dignidades.

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