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26 agosto 2015

OURO NEGRO, AGORA E AINDA POR MUITO TEMPO


O preço do barril de petróleo nos EUA já esteve abaixo de US$ 40, em seu maior recuo desde 1986. Em 2008 tinha atingido a marca de US$ 134,56.

Essa variação de preços não é nenhuma novidade neste setor. Ela ocorre desde que se iniciou a exploração de petróleo, em meados do século XIX. Em 1859 o barril de petróleo custava US$ 20 e três anos depois, em 1862, caiu para apenas US$ 0,10. Concorrências desleais e variações significativas nos volumes de produção foram as principais razões para essa flutuação dos preços.
Nos duros tempos do "Brasil, ame-o ou deixe-o", e antes da guerra do Yom Kipur, em 1973, o barril de petróleo custava apenas US$ 4. Logo após a guerra, o preço foi para US$ 12, foi criada a OPEP para equilibrar a oferta e a demanda e, como consequência, controlar o preço do barril, e o mundo quase caiu.
No Brasil, que importava 90% do que se consumia, a repercussão foi devastadora e minou, por completo, o denominado "Milagre Brasileiro" do governo Médici, cuja economia era comandada pelo seu então czar, o ministro da fazenda Delfim Netto. 
Olhando para esse passado, parece-nos que estamos vivendo novamente o problema da oferta e da demanda e suas repercussões no preço do produto.  É o caso da alta produção de petróleo praticada pela Arábia Saudita visando baixar o preço do barril para poder concorrer com o óleo de xisto extraído nos EUA.
Proximamente se somará a esse volume a produção do Irã, assim que sejam retirados os embargos decorrentes da recente assinatura do acordo nuclear. 

Do outro lado, junte-se a isto, a queda de demanda decorrente da desaceleração da economia que está ocorrendo em alguns países, como é o caso da China e do Brasil.
O preço atual não deverá se sustentar, pois compromete a execução de muitos projetos que só se suportam com um preço mais elevado, como é o caso brasileiro do pré-sal. Além de projetos em si, economias de alguns países sofrerão impactos consideráveis.

Um efeito imediato que já está sendo sentido na Noruega e em alguns outros países, é  o aumento da taxa de desemprego. Na Noruega, o maior produtor de petróleo da Europa, cuja exploração e comercialização representam cerca de 40% de seu PIB, o valor dessa taxa já atingiu a marca de 4%. 
No Brasil a situação não é melhor, pois, atrelado ao desequilíbrio mundial de produção e consumo, todo o planejamento de investimentos da Petrobras teve de ser revisto, após virem à tona os descalabros apontados pela operação Lava Jato. No País, cidades inteiras, que têm como atividade principal a indústria petrolífera, estão sendo ocupadas por desempregados de empresas que tiveram seus contratos com a Petrobras interrompidos nos últimos dois anos.


Contudo, não devemos entrar em clima de pessimismo, pois, por outro lado, sabe-se que agora e que ainda por muito tempo, a humanidade não sobrevive sem o ouro negro. Países produtores e consumidores deverão chegar, portanto, a um acordo. A que preço, ainda é uma incógnita. Mas as cartas já estão na mesa e o jogo sendo jogado. 

Um comentário:

  1. 21/04/2020 The price of a barrel of benchmark U.S. oil plunged below $0 a barrel on Monday for the first time in history, a troubling sign of an unprecedented global energy glut as the coronavirus pandemic halts travel and curbs economic activity. https://www.weforum.org/agenda/2020/04/oil-barrel-prices-economic-supply-demand-coronavirus-covid19-united-states
    History records that the price of a barrel has already varied from $ 0.10 to $ 134 ... http://bit.ly/1Ufvyv6

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