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29 abril 2025

No dia 28 de abril comemora-se também o Dia da Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro


    Neste 28 de abril comemorou-se o dia da Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro e que compreende cerca de 11% do território nacional e cerca de 70% da região Nordeste.

    A Caatinga não é um conjunto de paisagens homogêneas, com pouca vida e diversidade. Nela há paisagens de agreste, com terras secas e escassez de água, como mais frequentemente aparece na mídia, mas também há terras altas, frias, com mais água, assim como plantas de grande porte. O bioma possui diferentes fitofisionomias, cada qual com sua riqueza e belezas. Sua fauna é surpreendente, diversa e singular, composta por aproximadamente 1.307 espécies animais, dentre as quais 327 são exclusivas do bioma.

    As peculiaridades da Caatinga fizeram com que, ao longo da história da evolução do bioma, os animais ali presentes apresentassem adaptações necessárias a sua sobrevivência. Por exemplo, muitos deles apresentam o hábito de se esconder do sol durante o dia, de fazer migrações no período mais intenso da seca, possuem uma couraça mais resistente à perda de água, dentre outras estratégias.

    Nessa região árida há o registro de 178 espécies de mamíferos, 590 de aves, 116 de répteis, 51 de anfíbios e 240 de peixes. Embora o número de espécies pareça pequeno diante dos demais biomas, na Caatinga há um alto grau de endemismo e de espécies altamente adaptadas para sobreviverem nas condições de clima semiárido e com pouca disponibilidade de água. Esse é o habitat de mamíferos como: tamanduá-mirim, veado catingueiro, tatu-bola, onça-parda, jaguatirica, gato-mourisco, raposa, catitu etc. Dentre as aves destacam-se, além da famosa asa branca, símbolo do Sertão, o corrupião, o galo-de-campina, periquito-do-sertão, o canário-da-terra, o cancão e algumas ameaçadas de extinção, como a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) e arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), em consequência do tráfico de animais silvestres.

    Muitos peixes possuem também adaptações ao clima, conseguindo adiar a postura de ovos para o período das chuvas, por exemplo. Os répteis englobam espécies como lagartos, serpentes, tartarugas e jacarés, muitas delas com adaptações e hábitos que permitem sua sobrevivência. Dentre elas destaca-se o jacaré-coroa, ameaçado de extinção, a iguana, a cobra caninana e a jararaca-da-seca. No grupo dos répteis, vale lembrar que os dinossauros estiveram presentes no bioma, cujas pegadas e outros vestígios podem ser encontrados nos sítios arqueológicos, como o Monumento Natural Estadual Vale dos Dinossauros, em Sousa/ PB; e os localizados nas bacias do Araripe (CE-PE-PI), do Rio do Peixe (PB) e do Recôncavo Tucano Jatobá (BA).

    Já os anfíbios, grupo de animais com grande necessidade de água, também são encontrados no bioma. Espécies como o sapo-guardinha, conhecido por ter grande tolerância a altas temperaturas, o sapo-boi, a perereca-de-capacete-da-Caatinga, e o sapo-cururu (maior espécie de sapo encontrada no nordeste). Dentre os anfíbios, chamam a atenção os sapos da espécie Pleurodema diplolistris, que ficam enterrados sem acesso a água e alimentos, durante o período das secas, de 10 a 11 meses por ano – processo chamado de estivação. Esse feito, contraria ao que costuma ocorrer com a maioria dos animais, que têm seu metabolismo aumentado com altas temperaturas e diminuído em baixas temperaturas. Por isso, o comportamento desse tipo de sapo é alvo de pesquisas, que buscam entender como essa espécie consegue diminuir o metabolismo ao ponto da inatividade, mesmo como ambiente desfavorável para isso.

    Na Caatinga, os invertebrados compõem um grupo especial, vasto e pouco conhecido. Eles são a base da cadeia alimentar no bioma, polinizam as plantas e servem de alimento para anfíbios, répteis, aves e pequenos mamíferos. Nesse grupo, merecem destaque as abelhas da Caatinga, que somam ao menos 187 espécies, as quais possuem características bem peculiares, com diversas delas consideradas endêmicas e raras, e com interações específicas com sua flora. Um exemplo é a abelha conhecida como jandaíra (Melipona subnitida), encontrada no norte do Rio São Francisco, principalmente no Rio Grande do Norte e Ceará, cujo mel é bastante apreciado como alimento e usado na medicina popular pelas populações rurais

    Muito embora o bioma tenha uma rica diversidade de animais, inúmeras espécies se encontram ameaçadas de extinção, como a onça-parda, o tatu-bola e o soldadinho do Araripe. Foram contabilizadas ao menos 125 espécies ameaçadas de extinção no bioma, que considerando o elevado grau de endemismo da região, é tida como uma alta taxa. Infelizmente, a exploração humana e o manejo inadequado da terra vêm afetando de forma crescente essa rica e peculiar biodiversidade.

Flora

    Em geral, a flora da Caatinga tem características peculiares, apresentando uma estrutura adaptada às condições áridas, por isso são chamadas xerófitas, o que as permite resistir ao clima quente e à pouca quantidade de água. São características como: folhas miúdas, cascas grossas, espinhos, raízes e troncos que acumulam água, que são estratégias tanto para evitar a evapotranspiração intensa quanto para possibilitar o armazenamento de água. As espécies conseguem, assim, lidar com os meses de seca, rebrotando completamente após as primeiras chuvas. Por isso, a vegetação da Caatinga tem aspectos bem diferentes durante o período seco e o chuvoso.

    Mesmo com o clima semiárido, podem ser encontradas paisagens distintas e uma riqueza de espécies da fauna e flora que conferem ao bioma uma beleza única. Por vezes, é possível encontrar em meio à aridez, regiões chamadas de brejos – verdadeiras ilhas de umidade, solos férteis e com mais biodiversidade. Geralmente perto de regiões mais altas e de serras, onde chove mais e de onde originam nascentes de rios que correm no bioma.

    Há cerca de 1.000 espécies vegetais no bioma, dentre as quais 318 são endêmicas, e onde se destacam plantas como cactos (mandacaru, xique-xique e facheiro), bromélias e leguminosas (catingueiras, juremas e anjicos). Árvores que armazenam água, como a barriguda e o umbuzeiro, também fazem parte dessa rica flora.

    Como bem disse Patativa do Assaré, “Pra gente aqui sê poeta […] basta vê no mês de maio, um poema em cada gaio e um verso em cada fulô”, assim é o sertão e suas plantas. Um bioma que apresenta suas riquezas para todos aqueles que as sabem ver. Neste vídeo, da mesma forma que o texto acima, resumidamente, 10 fatos sobre a Caatinga.



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