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19 abril 2025

Ditaduras: As semelhanças entre o passado da Itália e o Brasil de hoje

    


    21 de abril é uma data histórica e simbólica. Para os brasileiros, comemora-se o Dia de Tiradentes e que representa a luta pela liberdade e pela independência do Brasil; também, a partir de 1960, a inauguração da Nova Capital, Brasília, cuja concepção urbana está descrita aqui.

    Na Itália, celebra-se o aniversário de Roma, fundada  por Rômulo em 21 de abril de 753 a.C, segundo a lenda romana. A história registra também que lá o 21 de abril, embora não tenha relação direta com a origem do fascismo, foi usado por Benito Mussolini como um símbolo ideológico — uma forma de reivindicar a herança da Roma imperial e projetar o fascismo como o sucessor da antiga glória romana. Por exemplo, em 21 de abril de 1937, foi inaugurada a "Mostra Augustea della Romanità", celebrando 2.000 anos do nascimento do imperador Augusto — uma mostra que exaltava a continuidade entre o Império e o regime fascista.

"Apenas na silenciosa coordenação e todas as forças, sob as ordens de um só homem, está o segredo perene de todas as vitórias ... Melhor as legiões do que os colégios [eleitorais]!", escreveu Benito Mussolini, em 28 de fevereiro de 1925.

 

Águia romana
frequentemente usada para
evocar o Império Romano
    Cartazes comemorativos do 21 de abril mostravam muitas vezes gladiadoreslegionáriosbandeiras com SPQR (Senatus Populusque Romanus) e imagens de multidões saudando Mussolini. Trazia o 21 de abril como o renascimento da pátria — não só celebrando a fundação de Roma, mas também o “renascimento” da Itália sob o fascismo.

    Nesta data, em 1925, portanto há 100 anos, os intelectuais fascistas italianos divulgaram seu Manifesto aos intelectuais de todas as nações, concebido pelo filósofo Giovani Gentile. Contou com 250 signatários - poetas, músicos, pintores, catedráticos, literatos -, nomes entre os mais influentes da cultura nacional. 

    Todavia, 10 dias mais tarde, no Primeiro de Maio, foi publicado um contramanifesto, redigido por Benedetto Croce, o mais respeitável filósofo italiano e que contou com inúmeras assinaturas de escritores, professores e publicitários.




    Fascismo tornou-se tema obrigatório nos dias de hoje em nosso País. Isto por conta das semelhanças entre os acontecimentos na Itália daquela época e os do Brasil de hoje. Entre eles - censura, buscas domiciliares, prisão e morte de "subversivos", controle de redes telefônicas, do rádio e do cinema - (as redes sociais de antigamente).

Então... existe fascismo no Brasil hoje?


    Sob o ponto de vista acadêmico e mais rigoroso não, porque falta um regime autoritário total e um partido único, entre outros elementos. Contudo, sob uma visão ampla e comparativa sim, pois há práticas com traços fascistas, de uma tendência autoritária que resgata aspectos do fascismo histórico. Sob o ângulo político e ideológico às vezes o termo é usado como insulto para deslegitimar adversários, sem compromisso conceitual. 

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PS.: Como não poderia ser diferente, o Brasil atual também guarda semelhanças com o nazismo. Na Alemanha, no dia seguinte ao incêndio do Reichstag, 28 de fevereiro de 1933, uma espécie de 8 de janeiro, o recém-eleito chanceler Adolf Hitler persuadiu o presidente Hindenburg a assinar um decreto “pela proteção do povo e do Estado suspendendo as sete seções da Constituição que garantiam as liberdades individuais e civis. Ambos, Mussolini e Hitler, morreram em abril de 1945, poucos dias antes do final da Segunda Guerra Mundial.

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