Em notícia divulgada no final do ano passado, o Brasil tomou conhecimento da reconciliação ocorrida entre o Vaticano e o Padre Cícero.
O Padim Ciço, como é mais conhecido nos sertões do nordeste brasileiro, mais cedo ou mais tarde será beatificado. "Agora, abre-se um novo espaço para encaminhamento dos vários graus até chegar a beatificação ou, quem sabe, até a canonização do nosso Padre Cícero", disse o padre Gilson Soares, assessor de comunicação da CNBB.
O Padre Cícero está entre aqueles considerados como mitos populares ao longo da história recente do Brasil. Em comum, todos eles tiveram a capacidade de reunir em torno de si fiéis e fanáticos, oriundos das mais diversas camadas da sociedade brasileira e até do exterior.
Essa notícia me fez recordar uma outra que reproduzo a seguir: "Eta! Não pode fazer assim com o coitado!" O doutor pisa no freio da caminhonete ao ver a imagem decapitada do Padre Cícero na beira da estrada no sertão paraibano, próxima à cidade de Patos. O doutor é nada mais nada menos do que o bilionário francês Pierre Landolt, herdeiro e administrador de uma das maiores fortunas familiares do mundo, de acordo com a revista Forbes, mas que, desde 1974, resolveu dedicar uma parte de seu tempo, vivendo e trabalhando no sertão da Paraíba. Confira a história completa aqui, na matéria publicada pela revista Exame.
Além do Padre Cícero, outros nomes também estão sendo lembrados pelos historiadores brasileiros, tanto na produção de livros como na de filmes.
É o caso de Antonio Conselheiro, figura carismática que adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, e de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião. Entretanto, segundo Lira Neto, a aura de heroismo que durante algum tempo tentou-se atribuir aos cangaceiros está cedendo terreno para uma interpretação menos idealizada do fenômeno. Não faz mais sentido cultuar o mito de um Lampião idealista, um revolucionário primitivo, insurgente contra a opressão do latifúndio e a injustiça do sertão nordestino.
No campo político, algo semelhante tem ocorrido. Refiro-me, principalmente, aos ex-presidentes da República Getúlio Vargas e Lula, ambos populistas.
O primeiro é citado e relembrado com o mesmo entusiasmo vivido na época de sua trágica morte. Ele chegou ao Catete em dois momentos e dele saiu, pela última vez, para ir repousar definitivamente em sua terra natal carregado nos braços do povo.
Já o segundo, parece que não terá a mesma sorte do primeiro. Embora já tenha chegado ao Palácio do Planalto por duas vezes, seu desejo de novamente ocupar a cadeira presidencial não será concretizado.
Até onde podemos constatar, neste momento, mesmo sem que as operações e as investigações levadas a cabo pela Policia Federal e pelo Ministério Público tenham sido concluídas, é que o ex-presidente já está no purgatório, pagando pelos seus pecados, e os brasileiros com a certeza de que o seu destino final não será o céu.
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