Nos últimos dias o ex-deputado federal Aldo Rebelo, um grande conhecedor e defensor da Amazônia, tem se manifestado sobre a Região. Durante sua entrevista à rádio CBN, de Belém, disse que “o Brasil vai ter de escolher entre o dinheiro e a dignidade, senão corre o risco de perder os dois”.
Rebelo falava sobre a soberania da Amazônia, tendo como pano de fundo a proposta de Lula ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de criar um “Fórum Internacional”, que supostamente servirá para legislar sobre o território da Amazônia, que é vista como a chave para a “internacionalização” de uma área do Brasil – que contém reservas de minérios, aquíferos, petróleo e gás.
Aldo fez uma comparação com os US$ 50 milhões que os Estados Unidos sinalizam para o Fundo da Amazônia, valor que decepcionou o próprio governo Lula e os recursos enviados pelos americanos à guerra da Ucrânia. “Com 0,04% do que gastaram na Ucrânia (U$ 113 bi), EUA querem ter o direito de mandar na Amazônia e nomear ministros identificados com agenda do Partido Democrata. Até quando?”, questionou.
E fez uma paródia, lembrando uma fala de um colega de ginásio ao se negar a receber uma doação insignificante para o livro de formatura. “Como diria meu colega, uma vergonha para quem dá, uma vergonha maior para quem recebe”. Os interesses por trás dos financiamentos são os mais preocupantes. “Tem muita gente, inclusive no Brasil, que acha que o Brasil deve abrir mão. A Amazônia é brasileira antes da Califórnia ser americana”,
Na entrevista, Aldo diz que é preciso ajudar a explicar a Amazônia para o Brasil e para o mundo no seu conjunto e não apenas por meio de agendas negativas. “Tem que reconhecer o direito da Amazônia ao desenvolvimento pleno de estrutura, da indústria, do comércio, da agricultura e pecuária”.
Ele afirma que é possível promover o desenvolvimento em parceria com a proteção do meio ambiente. “Quanto mais um país é desenvolvido, mais ele leva tecnologia e instrumentos para proteger o meio ambiente”. E prossegue: “Nós temos petróleo e gás da melhor qualidade, nós podemos usar esse petróleo e gás sem agredir o meio ambiente. A Noruega tira todo o seu petróleo do mar do Norte”, declarou.
“A Amazônia tem várias ‘Noruegas’ de petróleo, porque tem da Foz da Amazônia à fronteira com o Peru. A Amazônia tem a maior reserva de biodiversidade do mundo, a promessa dos fármacos, os medicamentos, os cosméticos, os alimentos do futuro”, disse.
Mas para que isso aconteça é necessário substituir a política da bolsa floresta pelo desenvolvimento econômico. “A bolsa-floresta não vai pagar ninguém, não vai render tributos, não vai movimentar a economia. Nós não podemos aceitar esse tipo de imposição que o mundo rico, ajudado por algumas organizações não-governamentais, querem impor ao Brasil e principalmente a Amazônia”.
Ainda na mesma semana, Aldo concedeu também uma entrevista, imperdível, ao programa Oeste Sem Filtro, cuja íntegra, via Youtube, está acessível clicando-se na imagem abaixo.
Aldo começa falando sobre as dimensões da Região e dá como exemplo o município de Altamira, de onde está falando. Na sequência, comenta sobre legislações existentes e propostas para legalização do garimpo na região e sobre longa crise vivida pelos Yanomanis.
Aldo voltou a dizer que toda a preocupação é pouca quando se fala sobre a internacionalização da Amazônia e criticou aqueles, inclusive brasileiros (Frei Leonardo Boff) que defendem a Região deveria ser posta sob administração internacional, o que, nos seus tempos de estudante se denominava de traição nacional. Expôs ainda que no atual governo existem pessoas que continuam pensando desta forma. Existe, a bem da verdade, um núcleo com ligações com o Partido Democrata americano e com organizações não governamentais (ONGs). No caso, sob o comando da ministra Marina Silva, com o apoio de Lula que ofereceu ao mundo a biodiversidade amazônica. Aliás, sobre este tema ele nos revela o que pensam vários outros países, acentuando o interesse de grandes corporações e de ONGs.
Na sequência teceu esclarecimentos sobre a exploração mineral na Amazônia, expondo dados sobre a grandeza de vários minérios e também de petróleo existente na Região. Revelou ainda que a intervenção internacional data de séculos passados, algumas delas expostas em livros e em filmes, vídeos, ...
Aldo Rebelo também não escondeu a participação de corporações governamentais, Ministério, Público, IBAMA, Polícia Federal e outras, juntamente com ONGs, que se unem para bloquear a infraestrutura e o desenvolvimento econômico da Região.
Livros sobre a cobiça internacional pela Amazônia
Citamos a seguir, dois livros que possuímos e que retratam - com imensa riqueza de detalhes - a cobiça internacional pela Amazônia.
O primeiro deles, um livro clássico que tira qualquer inocência sobre esse assunto e que serve de guia aos brasileiros dispostos a defender a Amazônia. A sua primeira edição foi publicada em 1960 e a última (4a. edição) em 1972.
Nele iremos encontrar, por exemplo, o relato sobre um projeto da Academia de Ciências de Washington que, com o "beneplácito de brasileiros ingênuos", em uma nova tentativa de proceder, sem hesitações e sem limitações, um inventário do que vale e do que pode valer a Amazônia, com a estranha exclusão da participação de brasileiros, inclusive de seu comando, e cuja sede estaria localizada em Washington.
O seu autor é Arthur Cezar Ferreira Reis, cuja biografia e a bibliografia são invejáveis, no mundo, especialmente quando o assunto é a Amazônia.
Este outro livro descreve como duas ONGs (uma sociedade geográfica e outra religiosa) ajudaram o império britânico a subtrair uma faixa do território brasileiro, 30.000 km², segundo Aldo Rebelo, na fronteira com a Guiana. Está disponível, gratuitamente, para download neste link. Reproduzimos a seguir a primeira página de sua introdução.
"O presente livro procura contribuir para o estudo do conflito territorial que surgiu na primeira metade do século XIX, na região de fronteira entre o Brasil e a Guiana inglesa, e cuja solução definitiva só se deu em 1904, por arbitragem do rei da Itália, desfavorável às pretensões brasileiras.
A questão, que entrou nos anais da história diplomática brasileira como “A Questão do Rio Pirara”, de acordo com a literatura brasileira referente à formação das fronteiras, que segue de perto os escritos sobre o tema deixados pelo barão do Rio Branco, surgiu graças à intervenção do explorador saxão Roberto Hermann Schomburgk que, na década de 1830, realizou uma série de visitas exploratórias à região, após o que, sugeriu, em seus relatórios, para a Guiana inglesa, um traçado fronteiriço que ficou conhecido como Schomburgk line. Essa linha, que adentrou tanto em territórios brasileiros como venezuelanos, passou, logo em seguida, a ser apresentada pelo governo inglês como sendo o limite oficial de sua colônia sul-americana. Segundo a mesma literatura, o triste desfecho da questão originou-se de uma infeliz escolha da pessoa do árbitro. O árbitro escolhido, traindo seu compromisso, teria levado em consideração, quando da prolação de seu laudo arbitral, elementos outros, estranhos aos que estavam sendo discutidos na questão, que fizeram a balança pender para a Inglaterra."
Ambos os livros, e outros mais, deveriam estar presentes em todas as escolas brasileiras, de qualquer nível, e obrigatoriamente serem sugeridas aos respectivos alunos – e professores – as respectivas leituras.
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