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03 agosto 2025

Desenvolvimento tecnológico de uma civilização - A Escala de Kardashev

    A Escala de Kardashev é um método proposto pelo astrofísico Nikolai Kardashev para classificar o nível de desenvolvimento tecnológico de uma civilização com base em sua capacidade de utilizar e controlar a energia. A escala original divide as civilizações em três tipos, com base na quantidade de energia que elas podem aproveitar: Tipo I (planeta), Tipo II (estrela) e Tipo III (galáxia).

    Tipo I: Uma civilização que controla toda a energia disponível em seu planeta natal. 

    Tipo II: Uma civilização que controla toda a energia de sua estrela hospedeira, possivelmente através de estruturas como a Esfera de Dyson. 

    Tipo III: Uma civilização que controla toda a energia de sua galáxia. 

    A escala também pode ser expandida para incluir níveis mais altos, como Tipo IV (controle de energia de um aglomerado de galáxias) e Tipo V (controle de energia de todo o universo). 

    A Escala de Kardashev também é usada para especular sobre as capacidades tecnológicas de civilizações extraterrestres e para direcionar a busca por sinais de vida inteligente (SETI). O conceito também tem sido utilizado para refletir sobre o futuro da humanidade e os desafios de alcançar níveis mais altos de desenvolvimento tecnológico. 

    A humanidade, atualmente, é considerada uma civilização do Tipo 0.7, pois ainda não controla completamente a energia disponível em seu planeta e depende muito de fontes de energia não sustentáveis.

    Ainda há um longo caminho a percorrer para que a humanidade se torne uma civilização Tipo I.

O impacto dos data centers no consumo de energia

    Os data centers consomem uma quantidade significativa de energia, e esse consumo está aumentando com o avanço da Inteligência Artificial (IA) e outras tecnologias. Estima-se que data centers, mineração de criptomoedas e IA representem cerca de 2% da demanda global de eletricidade. Em alguns locais, como a Irlanda, os data centers já respondem por mais de 20% do consumo total de eletricidade. O consumo de energia de um data center pode variar bastante, mas pode ser comparável ao de uma pequena cidade. 

    De acordo com o Lincoln Laboratory, do MIT, até 2030 os data centers podem consumir até um quinto da energia elétrica gerada no mundo. O percentual é estimado pelos especialistas, com base em várias análises, e faz sentido, uma vez que quase todo o tráfego mundial da Internet passa por data centers. São edifícios grandes, cada vez mais “em hiperescala”, que albergam máquinas e equipamentos que demandam energia. Além disso, são sistemas de condicionamento de ar que mantêm o aparato de dispositivos em temperatura ideal.

    A Agência Internacional de Energia (IEA) tem outra estimativa que corrobora a tendência de maior consumo de energia dos data centers. Segundo a instituição, eles consumiram 220-330 Terawatts-hora em 2021. Outro ponto de vista é pontuado pelo site Energy Post, que aponta a estimativa de 5 bilhões de usuários de internet ativos no mundo. Com a decolagem da IA, a demanda de energia deve ser ainda mais turbinada, na avaliação do site.

    Vale lembrar que os modelos de IA são treinados em petabytes de dados para gerar novos conteúdos com base em padrões e informações que aprenderam a reconhecer e imitar. Todo esse aprendizado e inferência requerem muito mais poder de computação do que as pesquisas tradicionais no Google.

    Dados do MIT mostram que treinar um modelo de IA – o processo pelo qual ela aprende padrões de enormes conjuntos de dados – requer o uso de unidades de processamento gráfico (GPUs), que são hardwares que consomem muita energia. Como exemplo, estima-se que as GPUs que treinaram o GPT-3 (o precursor do ChatGPT) consumiram 1.300 megawatts-hora de eletricidade, quantidade aproximadamente igual à utilizada por 1.450 residências médias nos EUA, por mês.

    Em função da alta demanda de energia pelos data centers e da entrada maciça de IA no sistema, várias instituições estão pesquisando formas de minimizar o problema. O próprio Lincoln Laboratory está desenvolvendo técnicas para ajudar os data centers a diminuir o uso de energia. Suas técnicas variam desde mudanças simples, mas eficazes, como hardwares de limitação de energia, até a adoção de novas ferramentas que podem interromper o treinamento de IA desde o início.

    Embora os data centers atuais representem uma fração minúscula da energia planetária, eles ilustram um modelo de crescimento exponencial do consumo de energia tecnológica.

    Abaixo está o gráfico comparando o consumo de energia dos data centers, da humanidade e os níveis da Escala de Kardashev.

  • Data Centers (2023): Cerca de 300 GW (uma fração pequena, mas crescente).

  • Humanidade (2023): Aproximadamente 20 TW.

  • Tipo I: 10¹⁶ W (toda a energia do planeta).

  • Tipo II: 10²⁶ W (energia de uma estrela como o Sol).

  • Tipo III: 10³⁶ W (energia de uma galáxia).

    A escala logarítmica mostra claramente como estamos ainda longe do Tipo I, mas o crescimento de infraestruturas como data centers é um pequeno passo nessa direção.




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