Tomou posse o novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te. Anteriormente vice-presidente, Lai substitui a presidente Tsai Ing-wen num momento delicado nas relações entre Taiwan e Pequim.
O Partido Comunista Chinês considera a ilha autônoma de 23 milhões de habitantes uma província a ser unificada com o continente pela força, se necessário. E embora Taiwan tenha conseguido manter laços comerciais e interpessoais significativos com a China continental, ao mesmo tempo que adiou as discussões sobre a sua soberania, este status quo ambíguo desgastou-se recentemente entre ventos políticos contrários tanto de Pequim como de Taipei. O líder chinês Xi Jinping incluiu explicitamente a tomada de Taiwan como parte dos seus planos para “rejuvenescer” a China. Mas o povo de Taiwan está menos interessado do que nunca na unificação com o continente.
A vitória de Lai, contudo, não simboliza alguma nova provocação na disputa com Pequim. Nem sinaliza o apoio dos eleitores aos políticos pró-independência em detrimento dos candidatos pró-chineses. Em vez disso, as eleições de janeiro foram uma expressão – do tipo que as democracias saudáveis por vezes proporcionam.
Lai declarou que continuará com o status quo “sem surpresas” personificado pelo sua antecessora. Pequim, Taipei e Washington poderão, portanto, conseguir respirar melhor, pelo menos no curto prazo, em vez de se prepararem para o conflito – e se jogarem bem as suas cartas, poderão ainda ganhar mais tempo para a paz.
Se Lai e a sua administração reforçarem com sucesso a dissuasão, ele ainda poderá persuadir Xi de que qualquer tentativa de invadir Taiwan corre um risco demasiado grande de destruir os outros planos do PCC para o chamado “grande rejuvenescimento” da China.
Os Estados Unidos, entretanto, podem utilizar esse espaço para reafirmar o compromisso de Washington com o status quo. Os decisores políticos e especialistas dos EUA podem começar por reduzir a sua própria retórica inflamatória e inútil sobre a questão. Se Washington pretende reforçar a dissuasão assimétrica através da venda de armas e da formação, por exemplo, os decisores políticos devem ter o cuidado de expandir esses programas sem alarde ou postura política.
O objetivo primordial deveria ser adiar a data de qualquer potencial conflito, tanto quanto possível, na esperança de que o cenário político mude para permitir uma solução pacífica e permanente. Afinal, essa paciência é o caminho que Lai escolheu.
Lai afirmou numa entrevista televisiva em dezembro, citando A Arte da Guerra, de Sun Tzu, “excelência suprema” é “quebrar a vontade de um oponente sem lutar”.
Estagnar pode, mais uma vez, ser uma estratégia vencedora. Abrandar o avanço da China um mês aqui e um ano ali é fundamental, tal como o é deixar a China cometer os seus próprios erros, recomendam dezenas de estudiosos do assunto, já dissemos aqui.
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