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09 julho 2021

ORDEM E PROGRESSO

Hoje fui surpreendido com o conteúdo de um artigo divulgado por Eduardo Jorge,  em seu twitter. Eduardo é hoje filiado ao PV, em 2018 disputou a Presidência da República como candidato a vice na chapa de Marina Silva (REDE), mas no passado, em João Pessoa - PB, no final dos anos 60, foi muitas vezes procurado pela PF por praticar atos subversivos enquanto estudante de medicina na UFPB. O autor do artigo e o seu divulgador são farinhas do mesmo saco. Em tempo: Eduardo é filho do ex-reitor da UFPB, Guilhardo Martins Alves.

O artigo sob o título "Educação militar para a democracia",  escrito por Augusto de Franco, há quase um ano, 16/07/2020,  comenta sua indignação com a presença de militares no governo Jair Bolsonaro. 

Nele o autor afirma que "militares não podem interpretar quais são os interesses da nação ou os anseios legítimos da população" e segue ....

"Se os militares podem ser úteis e necessários, o mesmo não se pode dizer da sua ideologia, baseada no culto da ordem (que é um culto da morte). A ideologia militar é incompatível com a democracia porquanto, para ela, o sentido da política é a ordem e não a liberdade (ou seja, a democracia)."

Ora, sabemos que após a saída dos militares do comando do governo em 1985, raramente se ouve qualquer crédito pelos avanços verificados durante sua passagem pelo poder. Entretanto, esse silêncio é de 
natureza política-ideológica, pois não é difícil se verificar que o crescimento e a modernização do Brasil foram evidentes durante o 
período 1964-1985, com ORDEM E PROGRESSO. Vejamos isto através desse pequeno resumo e, em um texto mais longo, aqui. Logo em seguida uma retrospectiva do período cujo governo foi comandado pelos civis (1985-2018).

A história nos mostra que logo após assumirem o poder, os militares deram inicio a um programa de desenvolvimento, incluindo infraestrutura, industrialização acelerada e uma série de medidas destinadas a atrair capitais e estimular a economia, deixando para trás as restrições impostas pelo governo Goulart. 

Em 1964, de cada dólar exportado pelo Brasil, pelo menos 57 cents proviam da venda do café. Onze anos depois (1975), com o aumento de produtos industrializados e o estímulo à venda do minério de ferro, a participação do café já tinha sido reduzida a cerca de 15% do total de exportações.

O Brasil cresceu num ritmo alucinante. A expansão do PIB foi de 9,8% em 1968, de 10,4% em 1970 e de 14% em 1973. Era o milagre brasileiro e os militares eram os santos milagreiros.

Para o suprimento de energia elétrica foram construídas as hidrelétricas de Ilha Solteira (1965), Sobradinho (1971), Jupiá e Tucurui (1974), Itaipu (1975) e Emborcação (1977) e várias outras pelo Brasil afora.

Foi também o tempo de implantação de um sistema de telecomunicações que estava no estado da arte para os padrões tecnológicos da época. Em uma década o País estava coberto pela rede telefônica.

O mesmo também ocorreu com a construção da Ferrovia do Aço, os metrôs do Rio e de São Paulo, os Programas Nuclear, Siderúrgico, Porto de Tubarão e os pólos petroquímicos de Camaçari e de Triunfo e mais um monte de coisas.

Na educação, em uma só canetada do governo, a obrigatoriedade de matrícula em escolas para crianças de 7 a 14 anos. A criação de novas vagas em todos os níveis. No ensino superior 110 mil em 1969, juntamente com o estabelecimento do credito educativo para alunos que não conseguissem matrícula em universidades públicas, mas tivessem passado em vestibulares de universidade privadas e que tinham renda inferior a 15 salários mínimos.

Tudo dentro da lei. Por mais contraditório que isso possa parecer, durante os anos em que os militares ocuparam o poder, este foi o período mais legalista que se tem noticia. Embora tivesse força para impor sua vontade da forma que bem entendessem, os militares sempre faziam questão em se apoiar em leis que validassem seus atos.

Quando guerrilheiros, sequestradores, e outros do gênero retornaram ao País, em 1979, após a anistia, encontraram um Brasil mais moderno, urbano e industrializado do que o anterior a 1964. As transformações eram evidentes.

Contudo, no momento em que a Nação batia um recorde crescimento atrás do outro, e nada sugeria que essa estratégia fosse posta em xeque por falta de dinheiro para sustentá-la, ocorreu o segundo choque do petróleo, em 1979, que puxou o preço do barril para o alto e imprensou contra o muro os países dependentes das importações do óleo cru, como era o caso do Brasil. Esboçou-se naquele momento uma crise que gerou fissuras no modelo.

Em 1982, o ambiente que já estava ruim, tornou-se ainda mais pesado depois da moratória decretada pelo México, que levou os bancos internacionais a negar crédito a todos os países latino-americanos. O Brasil, maior de todos, foi atingido em cheio pela decisão. A oferta de dinheiro, que já não estava tão abundante quanto no início da década anterior, foi estancada. A partir deste momento a crise no Brasil e em outras Nações tornou-se visível a olho nu.

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Virada essa página, entramos no período 1985-2018.  A análise desse espaço de tempo demonstra que o grupo - civil - que assumiu o poder ao longo desses anos, não observou, de forma isenta, os fatos que estavam acontecendo no mundo afora e passou a ressuscitar e apregoar conceitos ideológicos e práticas políticas vencidas, pelo menos, desde a queda do muro de Berlim. Deu no que deu: dois presidentes da República sofreram impeachment por incompetência para governar o País e um terceiro condenado por corrupção, em 3a. instância,  a quase 30 anos de cadeia.

A isto, ainda se soma, na Praça dos Três Poderes, o Congresso Nacional, o local de ressonância dos problemas nacionais, que se ver debruçado, de forma permanente, com uma imagem de corrupção e de desmandos que invadem os olhares da sociedade, desmanchando a moldura de riquezas e grandezas de nosso território. No outro vértice da Praça passamos a conviver com um STF que se transformou numa vara penal para absolver acusados de ladroagem. 

Foi essa a herança deixada por governos civis de esquerda exercidos por mais de 30 anos.

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