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06 maio 2025

Educação: A desconstrução do Brasil

“A educação é um campo de disputa permanente. É um campo de conflito também”, disse o sociólogo Cesar Callegari, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), ao site da fundação Perseu Abramo — mantida pelo PT com dinheiro do fundo partidário.


Cesar Callegari: contrário a propostas como o homeschooling,
os vouchers e as escolas cívico-militares


    Cesar Callegari já havia participado do CNE¹ em outras duas ocasiões e integrou a equipe de transição de Lula. Em novembro, elegeu-se por unanimidade presidente do Colegiado. Não demorou para o sociólogo imprimir sua marca ideológica à frente do Conselho. Recentemente, o órgão foi alvo de críticas ao aprovar uma resolução controversa sobre os itinerários formativos do ensino médio (disciplinas optativas selecionadas pelos estudantes para se concentrarem em áreas específicas de afinidade, como profissões ou assuntos que desejam explorar além do básico). Chama a atenção o fato de o texto não fazer referências diretas a matérias como matemática, português, física ou química.


    Para especialistas críticos ao documento, os novos parâmetros prejudicam os jovens mais pobres, matriculados na rede pública — que, impedidos de se aprofundar em áreas decisivas do conhecimento, ficarão ainda mais defasados em relação aos alunos das escolas particulares. O resultado é um país menos preparado e competitivo (e mais desigual). A fala dá o tom da atuação militante de Callegari no cenário da educação brasileira. Ex-secretário em governos de Lula, Dilma Rousseff e Fernando Haddad, ele agora está à frente de um órgão estratégico para o projeto petista de controle curricular, combate ao conservadorismo, imposição de pautas identitárias e, claro, garantia de mais financiamentos públicos. Callegari, em sua trajetória política ainda inclui dois mandatos como deputado estadual pelo PSB paulista (1995-2003). 


    Não bastasse ser um defensor da tese de que não existe neutralidade na elaboração de currículos, ele tem se esforçado em refutar propostas que ganharam força no campo da direita nos últimos anos. Entre elas o homeschooling, o sistema de vouchers e, principalmente, as escolas cívico-militares. “Escola não é quartel”, afirma o título de um artigo escrito pelo presidente do CNE e publicado na revista de esquerda CartaCapital. Segundo o sociólogo, é “espantoso” que essa ideia tenha a simpatia de famílias e professores. Callegari tem apreço pelo conceito de “controle social da educação” — o tipo de expressão que parece saída da cartilha de um regime autoritário.

    

    Em agosto de 2024, Lula indicou 13 novos membros para o CNE. Entre os escolhidos estão ex-deputados do PT e do PSB, educadores populares (voltados para grupos “marginalizados e oprimidos”) e um sindicalista conhecido por organizar greves que paralisaram aulas em todo o país (Heleno Araújo, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, ligada à CUT).


"A falta de atitudes proativas do PT , malgrado os discursos recorrentes em contrário, pereniza nossas revoltantes condições de analfabetismo e sub-alfabetização. E, na outra ponta, conduz à deterioração paulatina e contínua da qualidade de nosso ensino universitário. Isso é uma vergonha para nosso país e um adeus a nossas possibilidades de verdadeiro desenvolvimento."  (*) Texto do livro "Dez anos de PT e a desconstrução do Brasil", 2013. p. 23-24, do autor José Gobbo Ferreira




¹ O CNE tem a função, em linhas gerais, de “pensar” as políticas nacionais para o setor. Seu quadro é composto por dois secretários do próprio MEC e 22 representantes da sociedade civil, que têm mandatos de quatro anos.

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