Translate

12 janeiro 2021

CoronaVac - CRISE DE CONFIANÇA

Pelo o que se leu e o que se ouviu nas últimas horas, jogaram no ralo a imagem de uma instituição brasileira de reconhecimento internacional. Pelo título, o leitor rapidamente já identificou que estamos falando do Instituto Butantan.

O Instituto Butantan, como está expresso em seu site oficial, é uma instituição pública centenária centrada na divulgação do conhecimento científico e no desenvolvimento de iniciativas e produtos que impactem beneficamente a saúde pública através da expertise em ciência de base.

Pois bem, no anseio por projeção política o governador de São Paulo esteve sempre acima do processo de produção da vacina de origem chinesa, tentando atropelar os princípios científicos básicos que esse processo requer e necessários à segurança da população.

Slide usado durante coletiva de imprensa
do governo do Estado de São Paulo

Foto: Reprodução/YouTube

 Anunciada a conta-gotas desde o ano passado, a eficácia da CoronaVac teve hoje (12) seu resultado divulgado pelo governo do Estado de São Paulo, durante coletiva de imprensa oficial sem a presença do governador. Claro, ninguém é bobo, a sua ausência se deveu ao fato de que esse valor foi de apenas 50,38%, ou seja, um número pouco acima de 50%, limite exigido para aprovação pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para relembrar a todos, apenas cinco dias atrás, no dia 7, o mesmo governo e o Instituto Butantan só tinham divulgado, por oportunismo político do primeiro, o valor de prevenção de casos leves (que necessitam de algum auxílio médico), 78%, mais saudável aos ouvidos de quem os escutou. Deixou no cofre o número não "palatável", o da eficácia que engloba também aqueles que não precisaram (no grupo testado) de assistência médica mas foram infectados, pois são sabedores que esse número traria ruídos à população, como de fato aconteceu.

Essa falta de transparência na publicação completa dos dados impôs ao Instituto Butantan um vergonhoso castigo, ferindo a sua gloriosa tradição mundialmente reconhecida.

"A notícia de hoje de que a eficácia geral da CoronaVac ficou em 50,38% repercutiu mal. Após três adiamentos para divulgação dos dados, a impressão que dá é que o governo do Estado já sabia da baixa eficácia da vacina e estava represando informações, ou, pior, tentando esconder dados",  publicou a Revista Oeste.

 "Uma vacina que não funciona não é culpa nem de quem a desenvolveu nem de quem fez os testes. É uma realidade científica que não vai ser mudada por qualquer discurso político”, escreveu o biólogo Fernando Reinach em sua coluna para o jornal O Estado de S. Paulo."

"À Jovem Pan, o virologista Raphael Rangel comemorou os resultados. “A CoronaVac teve 100% de eficácia em casos graves. Isso mostra que não haverá mais óbitos por Covid-19 em um país onde mais de 200 mil vidas já foram ceifadas. Isso nos deixa muito felizes e temos que levar esse resultado em consideração”, disse. O médico infectologista do Hospital Sírio Libanês, Max Igor, afirmou que a divulgação foi “um pouco desastrosa”, devido à divergência nos números."

Bom, o estrago já está feito e não adianta buscar explicações científicas quando foi instalada uma verdadeira crise de confiança.

Na ânsia de assumir a paternidade da primeira vacina a ser aplicada no Brasil, o governador João Doria atropelou o rigor cientifico que o caso exige, para se afundar mais uma vez em sua desastrada administração do Estado de São Paulo. Quem desejar rever uma outra bem recente, ocorrida no mês de dezembro clique aqui.

Para o brasileiro, aquele que está trancafiado em casa, ou que está morando na rua após perder o seu emprego por conta do lockdown decretado na maioria das cidades brasileiras, e sabedor que tudo na china é escondido, que lá não há transparência, que lá não há verdade, multiplicaram-se, ainda mais, as suas incertezas quanto ao futuro do que está por vir neste ano que mal acabou de ser iniciado.

3 comentários:

  1. Em sua coluna de hoje (13) no Diário do Poder, o jornalista Cláudio Humberto reitera que a estratégia do marqueteiro João Doria não resistiu aos números finais da eficácia da Coronavac, 50,3%, um sopro acima do mínimo exigido e a anos-luz dos 98% alardeados pelo próprio governador de São Paulo em setembro.
    O resultado final foi visto como real motivo para os inúmeros adiamentos no anúncio da taxa e para a demora no envio de dados dos estudos clínicos solicitados pela Anvisa para conceder uso emergencial.

    ResponderExcluir
  2. Butantan deu “jeitinho” para tornar vacina eficaz, mas números revelam malabarismo - é o título do artigo do Hélio Costa Jr. Nele lemos: "Na terça-feira (12), o Instituto Butantan anunciou que a vacina CoronaVac teria 50,38% de eficácia, o que foi amplamente noticiado pela imprensa. Mas o instituto utilizou uma metodologia diferente para chegar a esse número. Usando método recomendado, a vacina do Butantan ficou com apenas 49,6%, abaixo do mínimo necessário para comercialização.

    De acordo com a CNN, o Instituto Butantan usou o método chamado Hazard Ratio. Nele, é considerado não apenas o fato do voluntário do estudo ter desenvolvido sintomas, mas também o fator de tempo que o voluntário permaneceu no estudo sem apresentar doença.

    O cálculo mais comum, no entanto, chamado de “incidência acumulada”, leva em conta somente a comparação entre proporção de pessoas com sintomas nos dois grupos (vacinados e placebo), sem considerar o tempo.

    De acordo com dados do Butantan, no grupo das 4.599 pessoas que tomou o placebo, 167 ou 3,63% do total desenvolveram sintomas. Entre as 4.653 pessoas que tomaram a vacina, 85 ou 1,83% desenvolveram sintomas – um percentual 49,6% menor do que no grupo que tomou o placebo. Assim, a taxa de eficácia fica em 49,6%.

    ResponderExcluir
  3. Leia também - CORONAVAC SE TRANSFORMOU EM MERCADORIA POLÍTICA | bit.ly/3suLfI1

    ResponderExcluir